Crítica - Maze Runner: Prova de Fogo(2015).

Maze Runner: Prova de Fogo(Maze Runner: The Scorch Trials), dirigido por Wes Ball.

Ano passado, um filme descompromissado e pouco conhecido atingiu os cinemas brasileiros: “Maze Runner – Correr ou Morrer”, o longa, qual pouco ou nada se esperava, surpreendeu o público com seu ritmo frenético, ágil e envolvente. O principal obstáculo de sua continuação seria justamente esse: honrar o original e apresentar novidades, além do fator expectativa, que inerentemente passou a acompanhar a franquia, pois com o sucesso, surgem os fãs.

Felizmente, “Prova de Fogo” chegou para mostrar que a saga ainda tem potencial para dar. Além de manter as boas características de seu predecessor, o diretor Wes Ball, agora mais maduro, se arrisca explorando eficientemente o drama e ambiguidade de seus personagens, assim como transita por gêneros distintos com muita segurança.

A obra tem início imediatamente após os eventos do término de Correr ou Morrer, nos sufocando rapidamente com ação e tensão. Conforme sua introdução progride, fica claro que a produção não vai seguir o livro à risca, o que se provou uma decisão certeira. Creio que muitos fãs mais conservadores da obra de James Dashner vão irritar-se com isso, mas é fato que cinematograficamente, a continuação se sai bem, e as escolhas do roteirista em relação a mudança de alguns fatos foi necessária para dar maior fluidez e ritmo a película, sobrando mais tempo para desenvolvimento de personagens e fatos relevantes à trama.

A trama, aliás, se mostra muito mais ambiciosa e versátil. Ao longo de seus 131 minutos, o longa se aventura por vários gêneros: além da esperada ação, que mantém a mesma sensação de urgência, por vezes é mostrado um lado de maior suspense, muito pela presença dos Cranks, uma espécia de zumbis com visual criativo e realmente assombroso, algo notável se levado em conta o desgaste de imagem das criaturas, que quase sempre caem na mesmice. Porém, a principal novidade – ainda que discreta –  foi o teor dramático que o roteiro carrega. O elenco foi deveras mais exigido, principalmente os promissores Dylan O’Brien, Kaya Scodelario e Thomas Brodie-Sangster. São cenas pequenas, mas servem para dar veracidade ao filme, assim como mostrar o amadurecimento e sentimentos dos personagens, não os transformando em robôs de combate.
Dylan O'Brien e elenco tiveram muito mais material para mostrar seus talentos.


A maioria das novas aquisições de cast também se mostram benéficas. Giancarlo “Fring” Esposito empresta seu talento a Jorge, e mesmo com pouco tempo em tela, convence como um sujeito determinado, forte e calejado do mundo que o cerca. Elogios também a Rosa Salazar(Insurgente), que cativa o público com sua Brenda. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito de Ainda Gillen, que expõe os mesmos maneirismo de Game of Thrones e seu astuto Mindinho, tornando o personagem caricato.

Do aspecto técnico, é nítido o aumento de orçamento, já que tanto as cenas de ação estão mais elaboradas, como o design de produção e CGI são mais utilizados, e de maneira grandiosa, algo natural para uma franquia em ascensão. A trilha sonora também teve um acréscimo enorme em qualidade, conferindo emoção não apelativa quando necessário e entregando excitantes temas épicos para cenas que assim exigem.
Design de Produção de "Prova de Fogo" é muito mais grandioso.

Apesar do ritmo alucinante, algumas vezes peca-se por excesso, dando a impressão de que alguns minutos a menos poderiam beneficiar o resultado final, assim como algumas cenas genéricas de ação que não fariam falta caso retiradas. O gancho deixado para o derradeiro final promete mais “correria” e reviravoltas, só espero que também desenvolva um pouco mais os tantos personagens introduzidos de maneira abrupta no 3º ato.

A despeito de alguns clichês de gênero, fica a certeza de que Maze Runner é um sopro de inventividade e criatividade em meio as adaptações de franquias adolescentes que vemos hoje em dia. Resta esperar o encerramento da trilogia(obrigado por não o dividirem em 2), e que assim como os dois filmes lançados até aqui, mantenha uma qualidade superior aos livros.

Nota: 7/10.

Obs: Fuja do 3D, além de não acrescentar em nada, atrapalha nas(muitas) cenas passadas no escuro.

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