Crítica - O Caçador e a Rainha do Gelo (2016).
O Caçador e a Rainha do Gelo/ The Huntsman: Winter's War, dirigido por Cedric Nicolas-Troyan. |
Nessa manada de revitalizações de clássicos imortalizados pela Disney, nenhuma personagem sofreu tanto quanto Branca de Neve. A princesa recebeu suas readaptações no mínimo insossas, pra não dizer constrangedores, com Espelho, Espelho Meu e Branca de Neve e o Caçador, ambos de 2012 (mas sem envolvimento da casal do Mickey, vale dizer). O maior destaque que algum dos projetos conseguiu, foi no caso envolvendo a traição de Kristen Stewart com o diretor Rupert Sanders.
Quando um affair recebe mais atenção do que o resultado artístico, algo está errado. Não para a Universal, que resolveu reutilizar o universo construído e a figura do caçador vivido por Chris Hemstworth para acumular mais alguns milhões no caixa. O caçador e a rainha má de Charlize Theron são os únicos remanescente do original. Branca de Neve é apenas mencionada, e em seu lugar, temos Emily Blunt e Jessica Chastain.
Elenco de peso, história "original" e um time técnico completamente novo. O filme, entretanto, não poderia lembrar mais o seu predecessor, com uma narrativa preguiçosa, cheia de clichês e pouquíssima inspiração dos envolvidos.
Não que seja difícil de imaginar o desenrolar do enredo, pois ele é um emaranhado do que já vimos aos montes por aí. O Caçador e a Rainha de Gelo é uma dessas películas que um grupo de profissionais parece se juntar para fazer quando quer descansar após outros trabalhos mais exigentes, pelo generoso cachê, ou simplesmente pela falta de talento, em alguns casos. É uma fita burocrática, previsível e que não esconde isso, pois se há um mérito para ser destacado, é como o longa não esconde sua despretensão.
Ao menos, eu espero que o objetivo seja a simples e honesta diversão, pois seria preocupante que algum cineasta concebesse um filme destes com orgulho e um grande esforço. Não estou sendo chato, apenas leia as seguintes situações e diga quantas você já viu tantas outras vezes: garota sofre desilusão e desiste de tudo, tornando-se fria e insensível. Casal que fora tragicamente separado se reencontra após anos. Anões como alívio cômico (que ainda funciona pelo enorme talento de Nick Frost, conhecido pela trilogia do cornetto). Herói, dado como morto, ressurge das cinzas no meio da lamentação alheia, isso bem no meio da história, onde todos sabem que protagonistas não morrem.
A expressão do arrependimento. |
A própria personalidade dos personagens é manjada, como o macho alfa, fanfarrão, confiante e que sempre tem razão de Hemstworth, a rainha cheia de rancor, mas que no fundo ainda possui um bom coração, interpretada por Blunt, e a caçadora de Chastain, imponente, poderosa e tão competente quanto qualquer homem poderia ser nessa profissão quase restringida ao gênero masculino. As atrizes sem saem bem, mas com certeza não é assim que um cinéfilo desejaria ver duas das melhores atrizes de sua geração contracenando. Ainda há Theron, que mantém sua áurea perniciosa como a rainha má.
Trilha sonora, design de produção, figurino e direção também são muito fiéis ao produto, todos certinhos, sem ofender ninguém, mas também sem se destacar da mesmice de outros contos de fada modernos, e afinal, é isso que O Caçador e a Rainha de Gelo é. Não justifica sua existência e provavelmente será esquecido dois dias após conferido por 95% do público, e ele jamais almejou algo além disso, pois o que importa é incrementar a conta bancária.
Nota: 5
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