Minha História com Pokémon e As Gerações Ranqueadas da Pior a Melhor


Nota: este seria um post apenas para enumerar as gerações de Pokémon qualitativamente, mas de algum modo não planejado, acabei escrevendo detalhadamente toda minha história de quase duas décadas com a marca. Então, se você não se interessar ou enjoar dela, apenas desça o scroll até chegar no ranking em si. De todo modo, boa leitura!

Minha história com Pokémon pouco se dissocia da minha própria em vida. Fato é que comecei a formar uma memória longeva na mesma época em que o anime passava na TV, e o tempo embaralhou o breve, antes ou depois, de modo que o início de minhas recordações são da época em que a franquia estreou na Record, no programa da Eliana - não apenas Pokémon, como outros desenhos, quase sempre animes, como Super Campeões, Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball em todas suas fases, e seu rival, Digimon. 

Isto foi em Maio de 1999. Tinha 3 anos (atingiria a contagem de 4 em Dezembro). 

O que difere, então, Pokémon destas outras obras citadas? A durabilidade, que consequentemente levou à intensidade. Enquanto a maioria destes me marcou por um curto período, Pokémon esteve em minha vida, de forma multimídia, ininterruptamente desde 1999. Com o anime, seus filmes, ou então jogos, mangás, revistas e cards. Pouco ou muito, a série esteve presente, de algum modo, de meus três invernos, até, no mínimo, hoje, agora, em 2018. 

Entretanto, este post se refere ao anime. E com este, minha relação foi, por muitos anos, fragmentada e até interrompida. Por ausência de informações e fragilidade de mente, não saberia dizer, na década passada, como foi a continuidade da forma que consumi Pokémon. Eu lembro de ver na Record, no Cartoon, na Globo, então, finalmente com contexto existencial, na Redetv!, em 2008, no extinto TV Kids, e logo, em sua subsidiária gaúcha, a TV Pampa, sem critério algum de transmissão, num célere revival da febre na TV aberta nacional, até sua fórmula de exibição ser expressamente sabotada pela própria emissora, como típico em produtos assim. 


O que sei, entretanto, é o que vi em cada um destes canais. As 5 primeiras temporadas, que compreendem a fase clássica da atração, conferi na própria Record (Kanto, Ilhas Laranja e Johto). Na Globo, partes de Johto e o começo de Hoenn, e já na RedeTV, as temporadas iniciais, o final de Hoenn, Batalha da Fronteira e o início de Sinnoh. Mais os 3 primeiros filmes no SBT e uma mistura disto tudo no Cartoon Network (lembrando que até aqui me atenho à década passada, com relapsos que camuflam a realidade completa).

Entre reexibições, episódios censurados e outros desaparecidos, tenho certeza de que, naquela época de infante, vi as sagas de Kanto, Ilhas Laranja, Johto, Hoenn e Batalha da Fronteira completas. Kanto e Ilhas, umas 15 vezes, mais ou menos. 

Houve algum hiato de minha relação com o anime entre a última exibição da Globo, já de Hoenn, e o reinício da adoração, na RedeTV!, onde mais uma vez revi tudo (inclusive partes do Chronicles), até começar Diamante e Pérola, quando subitamente houve uma troca de antena em minha casa e não pude mais conferir o anime rotineiramente, naquele horário em final de tarde.


Sem problemas, pois era final de década e já havia acesso à internet, que dominava mais do que quando não conseguia nem tomar banho sozinho, era em que pela primeira vez tive contato com os monstros de bolso. O site, já conhecia: o Poképlus, onde também baixava os emuladores e Roms de GBA e gerações anteriores para me divertir. Nisto, descobri também que existiam outros filmes além dos exibidos na TV aberta e que chegaram na locadora perto de casa: os quatro primeiros e o sexto, enquanto o belo Pokémon Heroes foi misteriosamente ignorado no mercado de home video.

Lembrando, naquele período, 2009, 2010, já estavam na internet os 11 primeiros filmes (até Giratina e o Cavaleiro do Céu ), enquanto passava no Japão as temporadas 12 (Batalhas Galáticas) e 13 (Vencedores da Liga Sinnoh). Eu, atrasado, ainda estava na season 10 (Diamante e Pérola), originalmente exibida entre 2007 e 2008, além de descobrir longas que não havia conhecimento pelo mundo fora da web (Heróis, Alma Gêmea, Lucário e o Mistério de Mew, Pokémon Ranger, O Pesadelo de Darkrai e o supracitado Cavaleiro do Céu). 


Em intervalo de tempo indefinido, findando isto em 2010, eu encerrei a primeira temporada de Diamante e Pérola, com 51 episódios e...abruptamente, parei. Se você for novo, não irá entender a analogia que farei a seguir, mas algum dia, experimentará e então compreenderá. Mas minhas recordações de por que não dei prosseguimento à próxima temporada são como um cara que vai em uma festa, se entope de bebida e acorda no outro dia só recordando até certa hora e então partes do que veio a seguir, sem nem saber como foi parar em casa. Eu simplesmente não sei se não estava gostando, se protelei até esquecer ou se algum outro fascínio me atingiu. 

Sabe qual minha suspeita? Babaquice. Sim, babaquice. Em 2010 eu estava prestes a completar 15 anos. Era adolescente, quase jovem. Assistindo um deseinho kodomo? Como boa parte dos "homens" desta faixa-etária, eu me deixei levar pelos princípios estereotipados de masculinidade, de como ser um macho: gostar de futebol, falar palavrão, deixar o cabelo crescer e assistir coisas com violência, sangue. Eu não abandonei desenhos em si, mas transitei por outros gêneros, alguns passagens esquecíveis, outros que se revelaram gostos duradouros e que persistem até hoje. Felizmente, não levei muitos meses para perceber que eu não me enquadrava neste personagem nojento e logo voltei pra Disney, animes nostálgicos e coisas recrimináveis no manual do macho primata. Porém, talvez Pokémon tenha sido esquecido na turbulenta fase que vivia. Por enquanto.


Curiosamente, entretanto, não abandonei os filmes. Após colocá-los em dia, sempre mantive a tradição de assistir aos longas anuais da franquia assim que possível. Por um período, com meses de atraso, e desde que conheci a Bruthais, no primeiro dia do ano seguinte - exceção do 20º, lançado em 2017, que tive o privilégio de conferir no cinema. 

Ou seja, em algum momento de 2010, eu parei de assistir o anime semanal de Pokémon. 

Deixei de ser fã? Não. Larguei o anime por anos, mas como disse, ainda conferia os filmes, jogava os games e, vez ou outra, o TCG, este que nunca desenvolvi maior vício pela falta de parceria. 

E só fui ter TV a cabo de vez por 2012 ou 13, então, vez ou outra, pegava as exibições em voga da série passando pelo Cartoon - sem entender bem como as coisas aconteciam e quem era quem, estranhando bastante gente como Cilan e Clemont, além dos visuais modernos de Ash. 

Mas eram espiadas sem critério, passatempos bem esporádicos e que contavam mais com a sorte de passarem no momento em que eu trocava de canal do que buscar assisti-lo. Foi apenas no final de 2016, com o anúncio do começo de Sun & Moon, vejam só, que decidi: "Vou voltar a assistir Pokémon". Pelo menos, tentar. Minha curiosidade já havia sido atiçada com certos boatos da finaleira da franquia XY, em que até busquei averiguar se Ash levaria mesmo a Liga - com ceticismo enorme, vale dizer -, o que obviamente não se concretizou. De todo modo, houve uma redescoberta na diversão, e com a repaginada que os visuais e a narrativa sofreriam com a chegada da nova geração, resolvi eu mesmo ter um reinício. Sem subestimar, também, a influência de Pokémon Go no processo de recolocar a marca em minha mente.

História vai, história vem, com a amnesia típica do protagonista a trocar de continente, não me senti desnorteado e rapidamente peguei o ritmo da nova fase, o que então se tornou um bom investimento de tempo - eu estava, passados 17 anos desde que ouvira o nome Pikachu pela primeira vez, novamente envolvido no anime Pokémon. Por quase dois anos, tenho seguido a rotina semanal de conferir seus novos episódios, sempre contente, ainda a jogar os games - por um bom tempo, o próprio Pokémon Go, que recolocou a franquia no mapa de quem a havia esquecido ou então nunca provado (mas agora com um 2DS, há). Foi ano passado (2017) que passei a considerar realmente colocar as centenas de episódios que havia deixado passar em dia.

Quase sempre, buscava refutar a ideia, pois afinal, seriam horas e horas para ver tudo. Uma certa ansiedade se formava com tantos capítulos pela frente. E se eu não gostasse? Se enjoasse novamente das aventuras de Ash, dos novos monstros? Porém, sem perceber, eu estava novamente viciado, e apenas Sun & Moon, os jogos e os filmes não eram o suficiente. Ver todos seus episódios se tornou uma obrigação moral pessoal, mesmo que inútil e sem sentido. 

Então, entre Junho e Julho de 2017, eu conferi mais de 300 capítulos em ritmo frenético, terminando a saga D&P e iniciando BW, quando então dei nova pausa para evitar saturação - e também por um certo incômodo com os novos acompanhantes. Retomei tudo em Janeiro de 2018, já novamente ansioso por mais maratonas - encerrei BW e vi as duas primeiras de XY, tudo nas férias de Verão, para então, again, dar uma pausa - aí faltando apenas os 48 episódios de XYZ para poder bradar, me exibir, de ter visto todos os episódios de Pokémon.


E passados alguns meses, no último Maio, eu posso finalmente dizer: EU VI TODOS OS EPISÓDIOS LANÇADOS DE POKÉMON. TODOS. Mais de 1000. 

É uma história que terei comigo para sempre e eternizo no mar da Internet agora, enquanto você a lê, mesmo que algum dia Ash dê Adeus e a Nintendo pare de fabricar novas aventuras. Mesmo que o anime pare de dar audiência ou eu morra hoje de madrugada. Em algum momento, eu tive todos os episódios de Pocket Monsters conferidos. Todas suas transições, seus altos e baixos, seus ápices populares e passagens mais tímidas, coadjuvantes e criaturas, dubladores e roupas do protagonista. EU VI TUDO!

E não deixa de ser um conto fantástico, visto que temos muitas fases na vida, e muitas vezes elas são apenas isto: fases. Já com Pokémon, e apenas ele, eu tive múltiplas mini-fases, distribuídas em décadas de vida, com períodos mais mornos. Mas sem nunca deixar de consumir algum conteúdo seu. É algo que me deixa melancólico e revela a importância da franquia para mim, uma camaradagem em tantos momentos que enfrentei, tantos amigos, cidades, da pré-escola à faculdade, sempre lá. Se tornou uma referência importante de meu crescimento. E sem sinal findar.


Para formalizar o feito, faço aqui o ranking definitivo das gerações - e prestem atenção nesta palavra, pois englobo as fases por gerações, não temporadas, que são vários arcos que compõem uma só geração. Por exemplo as seasons Advanced, Advanced Challenge e Advanced Battle são partes da geração Hoenn, ou então a saga Advanced Generation. 

Considerei, dentro desta premissa, Ilhas Laranja integrante da geração Kanto e Batalha da Fronteira em Hoenn, apesar de se passar geograficamente no Planalto Índigo. Logo, a divisão confere 7 gerações - Kanto, Johto, Hoenn, Sinnoh, Unova, Kalos e Alola. Sem mais delongas, então, vamos ao Top.

7. Unova/ Best Wishes!



Temporadas: Black & White, BW: Rival Destinies, BW: Adventures in Unova e BW: Adventures in Unova and Beyond. 

Episódios: 142.

Top 5 Pokémon: Serperior, Gothitelle, Zoroark, Reshiram, Meloetta.

Se eu tivesse iniciado o maratonão Pokémon por aqui ao invés de D&P, as chances de ter abandonado o projeto sem muita profundidade seriam grandes. Não em vão, pois tropeçaram legal nas sagas Best Wishes!, que ficaram por mais de 2 anos em exibição e prejudicaram bastante a imagem da série, com uma decadência clara depois da excelente D&P, com mudanças radicais para chamar novo público, mas que não agradaram tanto novos prospectos e ainda irritaram bastante os antigos.

Ash, que havia finalmente evoluído na última Liga, recomeça do zero como um bananão inexperiente e sem pulso, personalidade ou inteligência. Para piorar, seus comparsas são fortes concorrentes aos piores personagens da série. Cilan não atenua em nada a ausência de Brock, tão querido após estar presente em 4 gerações consecutivas, sem o charme e comicidade do mesmo, com um estrelismo e maneirismos que o tentaram incumbir como o cozinheiro responsável da turma, mas o transformaram apenas num fantasma tedioso.


Iris, entretanto, extrapola qualquer crítica. De rival formidável nos jogos, vira uma criança birrenta, imatura e com um trabalho de dublagem que faz jus à sua personalidade - o que é péssimo. A cada "criancinha" que ela soltava a Ash, eu perdia alguns cabelos de stress. A tática de oferecer um contratempo feminino ao garoto, com personalidade sonhadora semelhante, um Pokémon de colo favorito - o fracote Axew -, apenas duplicaram a irritabilidade de acompanhar as aventuras de Unova.


Tanto decepcionaram as novas escolhas de protagonistas, que os poucos arcos interessantes vieram de outras figuras, como N, em desenvolvimento tardio, após a Liga, que normalmente encerra as atividades, num inédito esboço do time de antagonistas da região, o Team Plasma, que ainda cedeu espaço para a Equipe Rocket brilhar como vilões genuínos ao invés dos palhaços intrometidos e entediantes de quase sempre - por vezes até lembrando a equipe temível que fora vendida em seu surgimento, ainda na temporada 1.

Quase todas as boas emoções se devem a episódios que envolvem o Team Plasma e seus objetivos malignos, enquanto as sempre esperadas batalhas de ginásio e na Liga foram monótonas e pouco recordáveis. O time de Ash também deixou demais a desejar, com um inicial inútil - Oshawott, que serve mais como um espírito mulherengo encarnado de Brock do que guerreiro -, e outras criaturas com carisma e design patéticos, como Palpitoad, Boldore e Leavanny, que foi introduzia às pressas para fortalecer o grupo insosso do protagonista, quando os roteiristas perceberam que seria ridículo levá-lo longe na Liga com seus Pokémon em estágios iniciais, o que não mudou nada, visto que foi a Liga mais fraca da saga.

Raros bons capítulos mais rotineiros envolvem a participação de Meloetta, que conta também com Cynthia, e as bem-vindas aparições de Charizard e sua rivalidade com Dragonite. Já o retorno de Dawn é decepcionante. 

6. Sun & Moon



Temporadas: Sun & Moon, Sun & Moon Ultra Adventures

Episódios: ?

Top 5 Pokémon: Decidueye, Primarina, Ninetales regional, Magearna, Tapu Lele.

É complicado e até indevido se colocar a atual temporada da saga no páreo, a delegando em um posto em cotejo com gerações de qualidade já amplamente analisável. Porém, inevitável.

O saldo incompleto de Sun & Moon é aquém dos melhores momentos da franquia, quase como um reboot que, se comparado com Kanto, oferece menos atrativos do que fora mais de duas décadas atrás, mas isto pela própria influência de Pokémon no mercado oriental. A ascensão de Yokai Watch, muitos dizem, foi a melhor coisa que ocorreu aos monstrinhos de bolso, fazendo com que a Nintendo finalmente tenha tomado a atitude de inovar e amadurecer tecnologicamente a marca, principalmente nos games, mas respingando também na animação.

A resposta no anime foi polêmica, e os saudochatos de sempre, a versão estrangeira dos velhos brasileiros com mais de 20 anos que se dizem revoltados com o fim da TV Globinho e remakes de obras queridas em sua infância, como se tivesse direito de exclusividade perante tais nomes, latiram ferozmente que já era, iriam abandonar a série, que é uma infantilização imperdoável. Tudo isto antes de verem o resultado final.

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Sim, a quem passou mais de 10 anos assistindo a uma fórmula estética padronizada, esta mutação repentina causa estranhamento. Em mim mesmo, não passou batida. Mas narrativamente, na contramão de suas impressões iniciais, as aventuras em Alola têm se mostrado, se não épicas, lúdicas o suficiente para me fazer ansiar cada episódio e jamais causar aquele acúmulo involuntário e impaciente de quem não aguenta mais.

A quebra da dinâmica dos games principais reverbera na animação, e a escola Pokémon, assim como tudo em seu mundo, passa longe da chatice do real. O maior amálgama de personagens ativos também beneficia o andamento, ao contrário do séquito limitado de antes, garantindo mais arquétipos e, vez ou outra, tramas paralelas interessantes, como o interesse científico de Sófocles e a ligação familiar entre Lillie, Gladion e Lusamine.

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Recém agora entrou no arco Ultra, mas as dezenas de episódio adaptados da primeira versão dos games Sol e Lua somaram o tradicional, mostrando que Pokémon, no fundo, não mudou tanto assim, com suas previsibilidades, criatividade limitada e temáticas de amizade e esforço infinitas. Por vezes, a falta de objetivos mais consistentes deixa toda a geração com uma sensação de filler, e quando finalmente surgem obstáculos, são resolvidos de modo apressado e pouco relevante, ignorando a trama gradativa das bestas, que é a inovação da fase S&M.

Assim, com exceção da passagem dos Tapus e a salvação de Lusamine, não senti a profundidade necessária que esta proposta de outra dimensão pode oferecer. Infelizmente, nem acho que vá ocorrer, pois Pokémon anda de mãos dados em terreno seguro e quase sempre fácil. A bênção e cruz da obra.

No entanto, fica marcado por acontecimentos históricos, como a vitória mais ou menos dos Rockets contra os mocinhos, e o tocante capítulo que retrata o falecimento de um Poké, realizado com grande delicadeza.

                                                                        5. Johto



Temporadas: The Johto Journeys, Johto League Champions, Master Quest.

Episódios: 157.

Top 5 Pokémon: Quilava, Lugia, Celebi, Espeon, Umbreon.

Apesar de extremamente nostálgica, o que acrece um tremendo valor na hora de analisar e lembrar da segunda geração dos Pocket Monsters, é inevitável aceitar como as aventuras em Johto possuem barriga demais até quando falamos de Pokémon e seus intermináveis fillers.

Muito por culpa da maldita Bola GS, introduzida com polpa e circunstância, prometendo um enredo intrincado e complexo para sua condução, mas que se enrolou mais do que os 5 minutos finais da destruição de Namekusei, claramente com os roteiristas já perdidos em como finalizar a trama, até o ponto em que ela simplesmente foi deixada de lado, esquecida e ignorada. Nada de Celebi, como suspeitavam as conspirações - preferiram mostrar o Pokémon cebola lendário no quarto filme, Viajantes do Tempo, e descartaram a história no anime. Um planejamento digno de Dragon Ball GT.


Nisto, já haviam decorrido dezenas de episódios num banho-maria por vezes compensado pela criatividade ainda presente na maioria dos Pokémon e seu design agradável, com iniciais muito queridos e curiosos - sendo Cyndaquil meu favorito -, e até uma estranha plot que envolve uma Chikorita apaixonada por Ash.

O time humano é o mesmo de Kanto, a trinca original e essencial, amada por tudo e todos, com três personagens bem diferentes e que se complementam, apesar da chatice e infantilidade de Ash serem exageradas até pra um pirralho de 10 anos.

O diferencial desta geração está na substância em suas batalhas. Provavelmente ouvindo uma das grandes reclamações da primeira temporada, com várias insígnias recebidas por caridade e uma Liga perdida inaceitavelmente, os textos melhoraram e nos brindaram com episódios vibrantes e emocionantes, quais lembro até hoje, como contra Morty, o líder fantasma (sobrepujado pelo Noctowl mítico de Ash), a insana luta entre o demoníaco Cyndaquil do protagonista contra o Steelix de Jasmine, e encerrando os 8 gyms, os bons duelos contra Clair e seu forte esquadrão aquático.

Já a Liga possui dois dos melhores confrontos de toda a série. Primeiro a primordial e inesquecível entre Ash e seu rival primário, Gary, que finalmente garantiu a Charizard um status digno de sua reputação, salvando Ash da derrota e vencendo, inclusive, o Blastoise inimigo, além da épica luta contra Blaziken, mesmo perdida.

4. Kalos/ XY



Temporadas: XY, XY: Kalos Quest e XYZ. 

Episódios: 140.

Top 5 Pokémon: Delphox, Fennekin, Amaura, Sylveon, Goodra.

Curiosamente, no rascunho inaugural deste post, quando ainda estava na primeira temporada de XY, a saga estava na sexta e penúltima posição.

O que aconteceu, então, para que Kalos Quest e XYZ a tenham feito escalar duas colocações?

Progressão.

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XY parecia um segmento de B&W no pior sentido possível, com um grupo de apoio irritante, uma garotinha mimada que fazia Max parecer o cara mais cool do mundo e uma "musa" que demonstrava um interesse romântico unilateral e sem qualquer personalidade no nosso protagonista, se restringindo em timidez e introspecções de como o admirava. As batalhas eram automáticas, monótonas, e a introdução das novas mecânicas e narrativas dos jogos não encontrava naturalidade nem engenhosidade nas aparições do anime.

Foi um processo lento, mas pelo final de XY e o início de Kalos Quest, parece que os roteiristas, ou tomaram um esporro, ou finalmente perceberam que estava na hora de evoluir a trama e seus personagens. Ash, que desde B&W havia virado uma ameba sorridente, recebe em sua simbiose com Greninja traços de alguém real, poderoso e ambicioso. Serena traça seu próprio destino (por mais que suas competições sejam muito inferiores, visualmente, às de May e Dawn) e se torna uma das melhores acompanhantes da saga, enquanto Clemont, bem, pelo menos não perturba tanto quanto Cilan, apesar de sua comicidade com os "aparatos Clemonticos" enjoarem rapidamente, repetidos à exaustação dezenas de vezes.

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Em XYZ, especialmente, temos um dos melhores arcos de toda a saga, num inserto de adrenalina consciente da equipe que conduz o anime, mas que também apresenta efeitos colaterais. O excesso de subtramas e revelações deixadas ao final prejudicam dois elementos cruciais na degustação lenta que é Pokémon: o time de Ash e a Liga.

Ao contrário de outros anos, em Kalos, nem mesmo Pikachu recebe tamanha notoriedade quanto Greninja, e suas outras criaturas, por vezes, são completamente esquecidas, o que prejudica nossa simpatia com eles e, é claro, a evolução dos mesmos, tornando-os, muitas vezes, inúteis e fracos, como Noivern e Hawlucha, de imagem desagradável e um retrospecto bem negativo em batalhas.

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Já a Liga deixa de ser o sonho final do garoto e é pouco mencionado em comparação a todas as outras gerações. Uma decisão incoerente, pois ao mesmo tempo em que Ash foi tão longe como nunca na competição, ela nunca havia sido tão rushada, o que blinda as reais habilidades do treinador e seus comandados, mas tira a emoção do que deveria ser um evento catártico. Anteriormente, como visto de Johto à Sinnoh, mesmo tombando em preliminares mais precoces, fora muito mais emocionante ver o processo. Tratá-la como algo qualquer sabota uma característica fundamental.

O clímax foi obviamente focado na resolução do caso das pedras de megaevolução, Alain e o Team Flare, que entregam sim um encerramento digno e impactante, mas que deveriam ser mostrados com parcimônia e em paralelo, até porque entre a primeira aparição de Alain e sua vitória na Liga, há pouco tempo para explorar o personagem, o que projeta um sentimento levemente comparável ao mascarado de Sinnoh.

3. Hoenn/ Advanced Generation



Temporadas: Advanced, Advanced Challenge, Advanced Battles, Battle Frontier. 

Episódios: 191.

Top 5 Pokémon: Gardevoir, Flygon, Milotic, Latias, Jirachi.

É a última geração da qual nutro grande saudosismo, isto é, uma melancolia agridoce e terna na mínima recordação atiçada, mesmo que eu não lembre dos fatos ocorridos em si. É o chapéu de May em Sun & Moon, Blaziken e Sceptile em XY, pequenas referências que já tornam a experiência mais sensorial e especial do que seria em condições regulares.

Lamentavelmente, eu não pude assistir à série continuamente de um ritmo só. Fosse assim, talvez eu gostasse ainda mais, ou ao menos teriam mais memórias afetivas. Mas não. Eu conferi o começo na Globo, e então o restante na RedeTV!, anos depois, como mencionei na longa introdução.

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Sua qualidade, entretanto, me fez aproveitar as duas empreitadas, mesmo que já se passassem alguns anos quando pude conferir o fechamento da saga. Para muitos, a Geração Avançada é um ponto de ruptura, em que intransigentes largaram ou assumiram uma postura amarga com a obra pela saída traumática de Misty. Apesar de, assim como disse sobre S&M, causar um forte estranhamento, é uma dinâmica que não se altera, apenas confere uma nova personagem num mesmo papel. Entretanto, com traços a serem esmiuçados, e assim, o desenvolvimento de May é muito prazeroso de se assistir, a tornando uma acompanhante fortuita e, convenhamos, com muito mais propósito que Misty devido aos contests. Uma boa sacada dos roteiristas, e imensuravelmente mais divertido do que nos jogos.

O carisma dos Pokémon sofre uma queda, já que em Kanto e Johto, basicamente todo o time de Ash é bacana, enquanto aqui entram em cena substituições inferiores. Taillow e Swellow em nada se equivalem ao design marcante de Pidgeot, mesmo seu efeito sonoro. Já Glalie e Donphan são duas escolhas bizarras para integrar a equipe principal do Palletiano. Tanto é que o foco acaba fortemente em Sceptile, uma bem-vinda e rara evolução final.

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Alguns experimentos ocorreram nesta saga: May é o início da tradição de inserir as personagens femininas jogáveis como acompanhantes, Ash não fica com todos os iniciais e o time rival não é mais a risonha Equipe Rocket, ridicularizada a um ponto em que não convencem minimamente com antagonismo, por mais que se insista na impetuosidade sombria de Giovanni e seu malicioso Persian.

Até por este pioneirismo, os arcos que envolvem os Teams Magma e Aqua, assim como os lendários, são infrutíferos perto de seu potencial, mas ainda imersivos e memoráveis. Também, a mim, é a última geração que conta com aberturas magnéticas de se cantar. 

2. Sinnoh/ Diamond & Pearl



Temporadas: Diamond and Pearl, Battle Dimension, Galactic Battles, Sinnoh League Victors.

Episódios: 193.

Top 5 Pokémon: Mismagius, Dialga, Empoleon, Uxie, Glaceon.

Eu não sei exatamente por que abandonei a série justamente ao fim da primeira temporada de D&P, mas certamente não há sentido qualitativo. Meu retorno, justamente com Battle Dimension, foi muito além do que esperava, em êxtase que se estendeu por toda a geração e seus quase 200 episódios.

São muitos os prós e poucos contras. Enquanto Dawn foi uma parceira que fez jus a Misty e May, contando com objetivos próprios que não o de ser um satélite ao redor do sonho de Ash, os roteiristas mestraram a dinâmica dos concursos Pokémon, com um time versátil, poderoso e criativo, tão interessante quanto o de Ash (Quilava, Togekiss, Buneary, Piplup, Mamoswine, Pachirisu). Com bom tempo em tela, nunca foi tão interessante assistir outros torneios que não de batalhas, visto que foram 10 contests até Dawn conseguir as fitas necessárias para tentar ser uma top coordenadora.


Com a lacuna deixada desde a saída de Gary, Paul finalmente assume o posto como rival digno. Apesar de uma personalidade unidimensional e genérica a vilões, suas atitudes foram aceitas em sua personalidade por ser um poderoso treinador, despedaçando Ash várias vezes, além de duas batalhas formidáveis; a última antes da Liga e a que ocorre no grande campeonato, talvez a melhor de todo o anime.


É também a temporada que Ash melhor demonstrou amadurecimento com o tempo (digamos que ao invés de 10, ele pareceu ter uns 12, 13 anos), bolando boas estratégias, ao contrário da apelação divina que costuma lhe render vitórias, inclusive batendo dois lendários de modo plausível antes de ser eliminado honrosamente da Liga, algo inédito. É a primeira vez que a possibilidade dele vencer a Liga soa real, com jogadas planejadas, não somente surgidas do além - o mesmo vale para Dawn e seu rendimento nos concursos.

Com um panteão lendário invejável, discutivelmente o melhor da franquia, o desenvolvimento ao redor de Dialga e Palkia é igualmente intrigante de acompanhar, juntamente à trajetória secundária do Team Galactic (com destaque à caçadora J) para atingir seus objetivos, a primeira vez que antagonistas que não os Rockets recebem a atenção devida - o que não correu com os Team Aqua e Magma de Ruby/Sapphire. Os lendários, inclusive, renderam uma trilogia muito bacana de longas, os melhores desde a trinca original (O Pesadelo de Darkrai, Giratina e o Cavaleiro do Céu e Arceus e a Joia da Vida).


Os mini-arcos igualmente renderam boas experiências. Apesar da trama de negligência a Chimchar reciclar o que já havíamos visto com Charmander, ela é desenvolvida de modo a ganhar individualidade, brilho próprio, com uma conclusão, na Liga e à vista de Paul, monumental e catártica, contando ainda com um irmão ao rival que confere mais complexidade à sua personalidade explosiva. Mesmo Brock deixou de ser somente o tarado-cozinheiro habitual, ao finalmente receber um destino pessoal de se tornar médico Pokémon.

Como final de empreitada, D&P é a temporada que mais satisfatoriamente encerra os diversos ciclos iniciados, num período de transição entre os visuais mais clássicos e a era moderna que viria a seguir.

1. Kanto



Temporadas: Indigo League, Adventures on the Orange Islands.

Episódios: 116.

Top 5 Pokémon: Charizard, Mew, Ninetales, Haunter, Dragonair. 

Comparação injusta, mas imprescindível.

Como posicionar a primeira e lendária temporada de Pokémon em qualquer numeração que não a principal? Eu sou nostálgico, nostálgico demais.

O sentimento que tenho ao lembrar da série é o que tenho de toda minha infância, este período mágico e indolente onde temos permissão para sonhar e viver de um modo tresloucado sem saber realmente o que é esta palavra. Em que nos contentamos com pouco, que significa muito. O primeiro animal de estimação, a distância de pressões e preocupações, o desconhecimento do que é ansiedade, depressão, TCC.

Era ligar a TV, jamais imaginar algo semelhante à internet, e esperar um completo escuro do que aconteceria no episódio. Cada novo dia abria a janela para uma nova magia, e tudo satisfazia.

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Os primórdios de algo longevo guarda suas principais virtudes e pecados. No caso de Pokémon, o positivo prevalece sem resistência, solidificando uma marca que se tornou, invariavelmente, a mais lucrativa de todos, à frente de Harry Potter, Star Wars e Marvel, e que se sustenta até hoje. Afinal, quem não conhece não somente o nome e rosto de um Pikachu, mas do imponente Charizard, o dragão deposto, ou o sábio Mewtwo, principalmente para quem lhe ouviu na irretocável dublagem de Guilherme Briggs?

As aventuras de Kanto foram tão sensacionais, provavelmente, exatamente por esta ignorância do futuro. De até onde Pokémon iria, o quanto atingiria. Sem tantas restrições (apesar de ter sido sempre focada num público pueril) e a globalização que agora com certeza leva fortes críticas aos realizadores, o marco inicial entrega, sim, conceitos problemáticos e que deveriam ter sido melhor trabalhados: como diabos a gente espera tanto pela Liga e o herói não somente perde, algo inimaginável no começo da jornada, mas da maneira como foi, com quem deveria ser seu mais valente soldado, se recusando a lutar?

Sem contar várias insígnias conquistadas com o mérito de quem acha um bilhete premiado no chão da loteria.

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Ainda assim, a mim, é preferível lembrar que nada adiante foi tão triste quanto a despedida de Butterfree, tão tocante quanto a virada sobre os Spearow, épico quanto o duelo de Metapods (rs). Se discuti a questionabilidade de algumas conquistas, há também vitórias inapeláveis, como contra Lt. Surge, Blaine, a Equipe Rocket, antes de virarem recurso cômico. Além de pequenos e memoráveis episódios, como todo o arco de Sabrina, em que a conquista veio, se não por uma batalha honesta, por motivos que não deixam de ser dignos, o que salienta um dos princípios didáticos e humanos da saga, muito além do esquemático.

Nota também pra tramas pequenas e agregadoras, como do fantasma do pico da Donzela, a corrida Pokémon e, é claro, a pseudodespedida de Pikachu.

Pessoas são produtos de seu ambiente. Seus gostos e até seu jeito de viver (ninguém nunca foi igual...) se moldam assim. Naturalmente, como outras gerações foram marcadas por outras obras e até temporadas do próprio Pokémon, Kanto será sempre meu refúgio inicial. Meu alicerce. O cheiro de casa que não se troca por nada, e que desperta emoções exclusivas.


E é isso. Comente abaixo o que achou do post e quais suas temporadas e Pokémon favoritos. Abraços!

4 comentários:

  1. Cara, hoje eu entrei no seu blog para ver se vc teria feito alguma review do quase debut do LOONA e acabei me deparando com esse post, eu já sabia da existência desse seu blog sobre cinema mas nunca tive tempo para sentar e ler até agora, Pokémon é uma franquia que acompanho a anos e que é responsável com conseguir me ajudar a lidar com uma quase depressão que tenho desde os 15 anos, cada parágrafo que vc escreveu eu me identifiquei e fiquei com muito ânimo de ler o que vinha depois (só pra constar é bem difícil alguém conseguir me fazer ler um texto tão grande)..
    Eu tive uma pausa bem grande com Pokémon também, de 2009-2012 eu acho, o que reviveu esse fogo que eu tenho pela franquia foi um bonequinho do Oshawott que eu ganhei no MacDonalds, no meu aniversário de 12 anos.
    Força cara, eu soube dos seus problemas e do hiatus do blog secundário e sei bem como você se sente, algum dia essa sensação some, eu consigo deixar de pensar nisso me ocupando e jogando Pokémon Y pela sexta vez em menos de três anos sempre dando um jeito de ter uma experiência diferente (escolhendo starters e montando uma equipe diferente, zerando o jogo com apenas o meu Pokémon preferido e etc...) isso me ajuda muito.
    Enfim, forças!

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    1. Haha, que bacana. Pra ser sincero, até eu dei uma cansada revisando, então achei que não fosse cativar ninguém. Mas muito feliz que gostaste.

      Bonequinho de Pokémon do MC eu consegui o Litten ano passado. Em gerações anteriores, não tinha acesso. Mas se pudesse escolher da 6ª, seria a Fennekin. Não a costumo escolher nos jogos (porém, eu sempre vou do X, pelo Xerneas) pela fragilidade (Greninja acaba sendo mais útil depois), mas é minha favorita em fofura, e adoro Pokémon fofos.

      E valeuzão pelo apoio. Que Pokémon e tudo mais continuem a lhe ajudar também.


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  2. Adorei o texto pokemon foi um dos meus animes favoritos da infância, todo mundo chora com o filme onde o pikachu para o Ash voltar a ser humano... top idêntico ao meu. Parei de acompanhar a serie animada ano passado, quase a abandonei antes com a temporada da Iris ( tenho uma aversão imensa a ela e o mordomo de cabelo verde). Nunca tive acesso a nenhum dos jogos :(
    Cyndaquil, poliwril e bulbassauro são meus favs. Quando era criança tinha o habito de orar todo dia pra Deus eliminar os animais e colocar pokemons em seus lugares kkkk
    Que bom que vai continuar escrevendo, espero que melhore logo, admiro muito seu trabalho e fico feliz que focara na sétima arte e no mundo otaku ( conteudo que aprecio bastante).

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