Meus filmes favoritos de 2016


Olá, queridos. Muitos talvez não saibam, mas isso aqui já foi um blog de cultura pop mais abrangente, com foco em cinema. Não voltará a ser, relaxem asian music lovers, mas devido a pedidos e desejo, resolvi organizar esse pequeno post para fazer um apanhado do que vi de melhor lançado em 2016 - sim, apenas de 2016. Foram 326 filmes assistidos no ano, e se considerasse todos, seria impossível sintetizar em uma lista compacta. Post rápido, todos com sinopses do Adoro Cinema, pois odeio escrever sinopses, comentários de minha pessoa e link para crítica minha, do Adoro Cinema ou do Pablo Villaça, do Cinema em Cena, que está uns bons andares à frente de qualquer colega de profissão.

Vamos lá:

10º Train to Busan/Invasão Zumbi

Sinopse: Em um trem de alta velocidade com destino à cidade de Busan, na Coréia do Sul, um vírus misterioso que transforma as pessoas em zumbis acaba se espalhando de maneira devastadora. A cidade de destino da locomotiva conseguiu com sucesso se defender da epidemia, mas até chegar lá eles deverão lutar pelas suas sobrevivências.
Crítica do Pablo Villaça.

Blockbuster Sul-coreano que fez um sucesso tão absurdo no país de origem (até Luna e Amber comentaram em algum episódio do Luna's Alphabet que não lembro), que ganhou o privilégio de rodar o mundo, algo pouco usual para produções do leste-asiático, fora festivais. Inclusive, o longa estreou dia 29/12 no Brasil e tem angariado muitos elogios de imprensa e público. Eu, como pioneiro (cof cof), já o havia conferido há meses quando meu primo Gerúncio Torresmo o trouxe do Estados Unidos, e apenas confirmo os méritos de seu laureamento. Ainda é, sim, possível extrair algo decente da temática zumbi. Mesmo que preserve alguns clichês no gênero, Train to Busan é intenso e frenético em níveis quase perniciosos para nossa saúde. Difícil se manter inquieto na cadeira. É revoltante, estimulante, tudo por sua capacidade de nos envolver em sua história. Se você não gosta de The Walking Dead, irá adorar este filme. Se você gosta de The Walking Dead, irá ter filhos com ele. 

09º Zootopia/Idem

Sinopse: Judy Hopps é a pequena coelha de uma fazenda isolada, filha de agricultores que plantam cenouras há décadas. Mas ela tem sonhos maiores: pretende se mudar para a cidade grande, Zootopia, onde todas as espécies de animais convivem em harmonia, na intenção de se tornar a primeira coelha policial. Judy enfrenta o preconceito e as manipulações dos outros animais, mas conta com a ajuda inesperada da raposa Nick Wilde, conhecida por sua malícia e suas infrações. A inesperada dupla se dedica à busca de um animal desaparecido, descobrindo uma conspiração que afeta toda a cidade.

Crítica do Delírios (há).

Animação preciosa e mais novo espécime da diversidade do estilo, Zootopia é adequado, me perdoem pelo chavão, para todas as idades. Divertido, colorido e cheio de bichinhos para os mais inocentes, é uma representação fidedigna e inteligente da realidade, cheio de lições e reflexões sociais e morais relevantes e sem demagogia. Que perdoe o também excelente Moana, mas deve levar a estatueta no Oscar. 

08º Hell or High Water/A Qualquer Custo

Sinopse: Dois irmãos, um ex-presidiário e um pai divorciado com dois filhos, perderam a fazenda da família em West Texas e decidem assaltar um banco como uma chance de se reestabelecerem financeiramente. Só que no caminho, a dupla se cruza com um delegado, que tudo fará para capturá-los.
Crítica do Adoro Cinema.

Faroeste moderno que se não irá repopularizar o gênero, serve de exemplar pontual e moderno do nicho. Sujo e melancólico, um retrato de pessoas que nunca tiveram oportunidade de ser alguém além, enclausuradas e amarradas pela vida, o que as levou a cruzar o limite do bom-senso para tomar algo que nunca receberiam de outras formas. Difícil escrever sem soltar spoiler, mas um grande pequeno pedaço de arte perdido neste 2016. Conta com incríveis atuações de Ben Foster e Jeff Bridges. 

07º Nocturnal Animals/Animais Noturnos

Sinopse: Susan (Amy Adams) é uma negociante de arte que se sente cada vez mais isolada do parceiro (Armie Hammer). Um dia, ela recebe um manuscrito de autoria de Edward (Jake Gylenhaal), seu primeiro marido. Por sua vez, o trágico livro acompanha o personagem Tony Hastings, um homem que leva sua esposa (Isla Fisher) e filha (Ellie Bamber) para tirar férias, mas o passeio toma um rumo violento ao cruzar o caminho de uma gangue. Durante a tensa leitura, Susan pensa sobre as razões de ter recebido o texto, descobre verdades dolorosas sobre si mesma e relembra traumas de seu relacionamento fracassado.

Crítica do Pablo Villaça. 

Segunda direção do estilista Tom Ford, um desses sujeitos que dão raiva, pois parecem ter sucesso em qualquer escolha que fazem, Animais Noturnos é uma evolução do homem que já havia entregado o bom Direito de Amar. Englobando vários gêneros e tramas dentro de si, quase como Inception, a película tem exito tanto como suspense psicológico quanto em drama, todos em simbiose para atingir um único e íntimo objetivo catártico final. Estiloso (obviamente, se considerarmos seu idealizador) e umbroso, é um exercício de metalinguagem primoroso. 

06º The Red Turtle/ A Tartaruga Vermelha

Sinopse: Após sobreviver a um naufrágio, um homem se vê em uma ilha completamente deserta. Lá ele consegue se manter, através da pesca, e tenta construir uma jangada que lhe permita deixar o local. Só que, sempre que ele parte com a embarcação, ela é destruída por um ser misterioso. Logo ele descobre que a causa é uma imensa tartaruga vermelha, com quem manterá uma relação inusitada.
Ninguém fez crítica deste aqui.

Um longa complicado de se falar sobre, até porque o próprio filme não possui falas, se baseando totalmente em imagens, sons e sentimentos para dizer tudo que pensa. E é absolutamente eficaz nisso. Sinestésico, nos atinge com alegria, nostalgia, tristeza, saudade, pesar e amor de maneira ímpar. Coproduzido pelo inestimável Studio Ghibli, que nos brindou com tantas pérolas, é o mais próximo que a sétima arte chegou de nos entregar uma verdadeira viagem transcendental nos últimos meses.

05º Swiss Army Man/Um Cadáver Para Sobreviver

Sinopse: Hank (Paul Dano), um homem perdido no deserto, e sem esperanças, encontra um corpo no meio do caminho. Decidido em ficar amigo do morto, eles vão partir, juntos, em uma jornada surrealista para voltar para casa. Ao mesmo tempo em que  Hank descobre que o corpo é a chave para sua sobrevivência, ele é forçado a convencer o morto o quanto vale a pena viver.
Crítica do Pablo Villaça.

Tipico filho pródigo do festival de Sundance, Swiss Army Man tem todo um jeitão Indie e independente, propositalmente esquisito. Mas não confunda-se, pois nada disso altera seu valor artístico. Me pergunto como alguém consegue uma ideia destas, mas certamente deve ser uma mente invejável. Poderia apostar um dedo que jamais conseguirá ver algo tão bom e cheio de significado vindo de uma história que retrata um naufrago e sua amizade com um cadáver flatulento (peidorreiro).

 04º The Handmaiden/A Criada

Sinopse: Coreia do Sul, anos 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Sookee (Kim Tae-ri) é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko (Kim Min-Hee), que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário. Só que Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee aos poucos começa a compreender as motivações de Hideko.
Crítica do Pablo Villaça.

Genial é um adjetivo usado irresponsavelmente. Seu valor perdeu-se em excessos. Excessos que acabam por diminuir o impacto de quanto utilizado para descrever alguém que realmente o merece. E Park Chan-wook merece, como merece. O cara não tem um filme ruim, e mesmo seus "tropeços" são de um nível que faria vários cineastas matarem para possuir o talento de o realizar. Handmaiden mantém as assinaturas do coreano - estética aprimorada, eroticismo irrevogável e incontrolável, e uma necessidade escaldante por vingança. Sim, vingança, tema que permeia as principais obras de Park. A Criada tem tudo isso, mas com uma visão contextual que o difere de semelhantes e afugenta a repetição temática. Uma pena que o diretor não trabalhe com mais frequência. É um crime ter de esperar tanto tempo para novos espécimes seus.

03º The Witch/A Bruxa

Sinopse: Nova Inglaterra, década de 1630. O casal William e Katherine leva uma vida cristã com suas cinco crianças em uma comunidade extremamente religiosa, até serem expulsos do local por sua fé diferente daquela permitida pelas autoridades. A família passa a morar num local isolado, à beira do bosque, sofrendo com a escassez de comida. Um dia, o bebê recém-nascido desaparece. Teria sido devorado por um lobo? Sequestrado por uma bruxa? Enquanto buscam respostas à pergunta, cada membro da família seus piores medos e seu lado mais condenável.
Crítica do Delírios. 

Já fui muitas vezes ao cinema e nunca vi tanta gente sair tão decepcionada de uma sessão. Não que A Bruxa seja ruim, pois não é, mas foi vendido de forma equivocada - apesar de provavelmente deliberada. Sem alarde nenhum, fez fama em festivais pequenos até ganhar o direito de desfilar em salas mundiais. Infelizmente, então, as distribuidoras resolveram criar toda uma atmosfera de horror do século em cima de si, o que erigiu o hype a doses cavalares e consequentemente levou um público mais diversificado em busca de algo mais padrão e genérico, um longa costumeiro de sustos e sangue. Um erro agressivo, pois A Bruxa não poderia ser mais ao avesso. Metafórico, simbolista e cheio de dizeres em minúcias, não se contenta em ser um amálgama de filmagens em uma tela, e sim em discutir temas como o machismo através de um roteiro lúgubre, asfixiante, e por tudo isso, aterrorizante. 

02º Captain Fantastic/Capitão Fantástico

Sinopse: Ben (Viggo Mortensen) tem seis filhos com quem vive longe da civilização, no meio da floresta, numa rígida rotina de aventuras. As crianças lutam, escalam, leem obras clássicas, debatem, caçam e praticam duros exercícios, tendo a autossuficiência sempre como palavra de ordem. Certo dia um triste acontecimento leva a família a deixar o isolamento e o reencontro com parentes distantes traz à tona velhos conflitos.
Crítica do Pablo Villaça. 

Outro desses independentes, Capitão Fantástico parece saído da mente de Wes Andersen, mas não deve ser julgado como cópia, pois Matt Ross (diretor de roteirista), utiliza de pitorescas características para fazer um conto fabulesco que dialogo sobre os meios de vida da população atual tendo como cerne os narcisistas americanos. Provável que você saíra com o desejo de viver dentro daquele universo. E, é claro, como todo filme que se preste, traz consigo uma mensagem que não se limita ao notebook. 

01º The Wailing/O Lamento

Sinopse: Um vilarejo pacífico começa a testemunhar assassinatos cruéis cometidos pelos moradores. Os criminosos parecem estar fora de si, e as autoridades pensam que talvez tenham consumido cogumelos venenosos. No entanto, o inspetor de polícia Jong-Goo (Kwak Do-Won) suspeita que os casos tenham uma origem sobrenatural, ligada a um forasteiro que acaba de chegar ao local. Enquanto investiga o homem suspeito, percebe que sua filha pode ser vítima do ataque.
Crítica do AdoroCinema.

É por casos como este que o cinema do leste-asiático (principalmente Coreia e Japão) é meu favorito. O orçamento é menor, o que dobra os esforços por criatividade pura e simplista. O Lamento é a antípoda de si mesmo; é tudo e nada; é céu e inferno; é branco e preto. Se penso nos melhores do gênero, me chegam a mente "Memórias de um Assassino" e "Oldboy". São duas obras-primas difíceis de rivalizar. O Lamento consegue, pois também é uma obra-prima. Utilizando do Sobrenatural em sua essência, que atemoriza mundanos pela incredulidade perante a existência do inexplicável, o diretor Na Hong-jin entrega o que provavelmente será seu esforço da vida. Rótulo de: queria esquecer para me maravilhar novamente pela primeira vez. Foi pros favoritos. 

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E é isso. Como disse anteriormente, é complicado filtrar o que realmente teve de melhor em um ano. Não pude conferir longas elogiados como Aquarius, A Chegada, Moonlight e outros favoritos à temporada de prêmios que ainda não chegaram ao país, mas a despeito disto, os 10 listados aqui são dignos de seu tempo.

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