Review - Shingeki no Kyojin #28.


Se a primeira temporada do famigerado Attack on Titan não desceu comigo por fatores de hype excessivo em meio à uma trama previsível recheada de personagens caricatos e bestialmente irritantes (sim, Eren, falo de você), sua continuação tardia, quase 4 anos após o início da jornada, resgata pequenos resquícios de qualidade em uma dose cavalar, empolgante e que denota uma boa evolução dos envolvidos.

Muito disso, é claro, ainda se deve ao maior equilíbrio entre os núcleos - leia-se personagens e esquadrões. Mikasa é uma figura interessantíssima, mas como suas curvas são sempre acompanhadas, como pulgas, por Eren e Armin, sua presença torna-se um prejuízo maior ao prazer da imponência da garota.

Sem uma ação desenfreada - o que já voltou em maior substância no terço final deste capítulo, entretanto -, é na tensão e mistério que residem os fatores sobressalentes no êxito considerável que os três capítulos deste 3º cour demonstra.

E é notável que a tensão seja bem construída a ponto de surpreender logo nos minutos iniciais, tendo em vista que o episódio teve início logo após o final de seu antecessor - o que parece óbvio, mas demanda naturalmente algum tempo de adaptação ao clima momentâneo, visto que ficamos uma semana distantes do universo da obra.

Falo, é claro, das minguadas, porém penetrantes palavras expelidas pela titã sobre o telhado no vilarejo de Connie: "Welcome Back", na tradução da fansub que conferi. Da trilha sonora ao tom funesto saído da voz da fera, a sensação é sensorialmente arrepiante. Apenas após o susto, então, que raciocinamos para sua maior significação, algo já mencionado implicitamente: a origem dos titãs.

No momento, pela situação na vila, a ausência de sangue e a prevalência de cavalos, o que refuta uma fuga bem-sucedida dos moradores, e o fato de titãs terem surgido dentro da muralha sem que haja destruição da mesma, depõem-se a favor de que os gigantes são alguma anomalia derivada de pessoas comuns, em um grau sugestivamente diferente ao de Eren, cuja transformação se assemelha mais a um super-poder.

Conveniência de protagonismo ou pistas falsas, no cinema um artifício conhecido como "McGuffin", o caminho principal atesta para esta relação entre nossa espécie e os temidos comedores de homem. Claro que seria equivocado ir além disso, pois inclusive vemos espécies diferentes entre eles.

Mas de algum lugar, o debate deve começar. E agora, foi.

Outro bom exemplo de direção imersiva se dá na patrulha noturna do pelotão, com a lua encoberta e o silêncio asfixiante da floresta, ambiente que cria uma atmosfera aterrorizante e claustrofóbica, concebida justamente enquanto adentram terreno inimigo, sob o pânico de um ataque repentino e mortal. É uma cena curta, mas magistral. Seria padrão do diretor inserir uma sonoplastia ensurdecedora e banal para, preguiçosamente, transmitir a sensação desejada no momento. O silêncio, entretanto, reforça o pavor; quando em solidão em meio a um local desconhecido, o que mais lhe espanta não é, justamente, a ausência de sons, quando qualquer pequeno barulho proveniente do incognoscível pode ser um gatilho ao infarte?! Boa sacada da staff.

Essas três semanas ainda representam apenas 1/4 do todo, então é cedo para já afirmar a qualidade de Shingeki 2. Podemos estar apenas à beira de um precipício, como fora sua primeira e exageradamente comentada season 1. Mas, faça-se justiça, o que temos até aqui é bem animador.

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