Han Solo: Uma História Star Wars (2018) - Crítica


Nos minutos que antecederam o início de Solo, o cinema em que conferi o longa exibiu dois trailers: No Olho do Furacão e Venom. Se teoricamente são completamente diferentes, compartilham uma boa semelhança: desgraça. Enquanto o primeiro já comprovou sua ruindade em terreno americano, a fita do icônico nêmesis do Homem-Aranha parece destinada à ruindade. Prenúncio mais claro que este para o que viria a seguir, talvez apenas um assalto à mão armada. Mas ignorei os sinais, assim como fez a Disney/Lucasfilm após as tantas intempéries enfrentadas durante a produção do filme.

Mostrar a história da juventude de Han Solo não é desnecessário ou um erro, clamor que se proliferou por entre a fanbase. De outro modo, por que seria preciso contar uma sexta trama sobre o aranhoso, sobre a criação do facebook, Legos ou live-actions de animações clássicas? Ao contrário da vida, podemos dizer que o que prepondera não é a intenção, esta quase sempre monetária, mas sim o esforço que se coloca para dignificar esta empreitada de cunho capitalista. É claro que explorar o passado de um dos personagens mais queridos de uma das maiores franquias multimídia do entretenimento almeja atiçar a curiosidade e nostalgia alheia para enfileirar cifrões nos cofres da produtora. No entanto, ao menos deveríamos dar o benefício da dúvida, considerando os três bons capítulos lançados sob a batuta da Mickey House desde a aquisição da Lucasfilm.

Porém, a cada minuto que passa, Solo deixa claro ser tão equivocado quanto a escolha de o estrearem apenas 5 meses após Os Últimos Jedi, amassado entre heróis Marvel, e a existência de "No Olho do Furacão". Está tudo errado nesta que deveria ser uma espiada divertida no passado nebuloso do cafajeste mais amado do espaço; ao que parece, os únicos corretos disto tudo foram Chris Miller e Phil Lord, ao largarem o projeto.


E nem há muito tempo para você começar a se decepcionar com Solo. Pois a não ser que você tenha nutrido uma incompreensível expectativa, ele não lhe dá, em momento algum, motivos para esperar uma boa experiência. Isto pode ser positivo, afinal, trata-se de um filme honesto e regular em sua mediocridade, sem nos iludir com uma introdução que descamba em ruindade, como quase todos longas de Spielberg neste século ou, pra ser mais recente, a adaptação desmiolada de Fahrenheit 451.

Com uma fotografia arenosa e que dificulta tanto a visão que só parece justificável do ponto de vista que Bradford Young ficou tão envergonhado que resolveu nos blindar de enxergar plenamente o horror do que víamos, o problema da película acaba por ser o menos óbvio, isto é, a polêmica atuação de Alden Ehrenreich, que recebeu até aulas no set para compor o figurão, cujo melhor papel até então fora interpretar um ator ruim em "Ave, César!", dos Coen. Metalinguagem involuntária. Mas sendo justo, Alden é competente, porém, lhe sabota o fato de termos o absurdo Harrison Ford como referência, com seu carisma incomparável. Alden, em cotejo, soa como uma efígie do verdadeiro Han, como um Cosplayer geek que sonha ser quem idolatra, mas apenas vira capa de foto em matérias de festivais nerds.

Menos mal que temos Donald Glover, Woody Harrelson e Chewbacca para atenuar a estranheza de ver um Solo tão perdido em tela. O primeiro, na contramão do protagonista, mesmo com pouco tempo, enriquece Lando e o enche de perspicácia e uma zombaria que desperta interesse em acompanhar sua vida; o mesmo aplicável ao experiente Harrelson, cujo comportamento molda o alicerce comportamental de Han, contando com uma cena específica que se reapropria da própria mitologia - afinal, quem atirou primeiro? Ao fim, o garoto principal é como um avantesma cujas aventuras são contadas por terceiros, como uma simulação feita às pressas e sem tempo para encontrar alguém mais apropriado ao protagonismo.


Pouco sobra a Ron Howard, que assumiu o cargo sabe-se lá com quanto já filmado, e dinossauro velho que é, apenas pilota tudo no automático, destituindo qualquer identidade ou marca em Han, o deixando mais parecido com um space opera previsível inspirado na saga das estrelas do que espécime pertencente à cronologia própria.

É tudo tão preguiçoso e esquecível que apenas no canto do cisne há a tentativa de salvar o projeto, tática covarde e típica de estúdios desesperados, terminando tudo com frases de efeito e referências pontuais, uma música mais agitada para rolar os créditos com a sensação de que conferimos algo épico.

Pra sorte de Kathleen Kennedy, estou traumatizado o suficiente pelo trailer de "No Olho do Furacão" para refletir mais sobre como Solo é justamente o que a Disney deve evitar na condução do universo Star Wars: algo genérico e mediano. Desprestigia a imagem da franquia e satura sua marca para com o público.

Nota 5.

2 comentários:

  1. Ia ver semana passada, mas desanimei. Não to nada empolgado com esse filme. Os trailers até conseguiram me animar um pouco, mas não o suficiente. Quando um Star Wars não causa impacto, é pq as coisas estão muito erradas. Devo acabar vendo em casa mesmo.

    E... eu quero ver No Olho do Furacão rs Apesar de tudo.

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    1. Saiu torrent HD já, hahaha. Depois diz o que achou, se lembrar.

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