Crítica - Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível(2015).
Tomorrowland(Idem), dirigido por Brad Bird. |
Filmes sobre o apocalipse ou futuros distópicos são tão comuns hoje em dia, que poderia ser considerado um gênero à parte. Há tempos que não é só Roland Emmerich quem explora o estilo catástrofe. Só nos últimos anos, por exemplo, são pelo menos 3 as franquias adaptadas de livros juvenis que debatem o tema.
E eis que em meio a este amaranhado de longas sobre o fim do mundo, surge o corajoso Tomorrowland, que visa justamente o contrário: fomentar uma interpretação utópica e otimista sobre a raça humana e o nosso destino. Dirigido pelo sempre competente Brad Bird (Os Incríveis, Ratatouille e Missão Impossível: Protocolo Fantasma), a fita é feliz em sua abordagem, sem jamais cair no melodrama, algo tão comum em filmes família, ao mesmo tempo em que oferece boa diversão sem subestimar o espectador.
A premissa é básica: a otimista e brilhante Casey Newton (Britt Robertson) recebe um broche que ao toque, a leva para um campo de trigo próximo a Tomorrowland, uma cidade futurística que parece o sonho de qualquer um. As visões servem para instigar a jovem a buscar o lugar real, e então surge a adorável mirim Athena (Raffey Cassidy), que pretende levar a garota para o local, só que com um objetivo maior em mente, e para isso elas contam com a ajuda de Frank Walker (George Clooney), que no passado já havia visitado a cidade, e por intempéries desconhecidas, se mostra amargurado e desiludido com ela. Nada inovador, mas é aí que surge o talento de Brad Bird, da equipe técnica e, principalmente, do elenco.
Visual Futurista do longa justifica o grande orçamento. |
Com um orçamento gigantesco ($190 milhões), a parte visual é bem caracterizada, graficamente criativa, interessante e bonita, sem parecer absurda. Resumindo: é um local que desperta a vontade de se conhecer. A direção de Brad é eficientemente fluida e ágil, comedindo bem as cenas de ação com drama e humor, não cansando em seus 130 minutos. Mas nada disso funcionaria se o cast não convencesse em seus papéis, e felizmente, eles o fazem com primor, mesmo não sendo uma película focada em personagens.
O experiente George Clooney consegue passar bem o ar fadigado e frustrado em relação aos acontecimentos do passado, e o carisma do ator é o suficiente para não despertar antipatia devido ao rancor excessivo que o personagem demonstra em suas primeiras cenas. A desconhecida Britt Robertson (que já possui 43 créditos como atriz no Imdb) torna sua Casey Newton em alguém crível e enérgica, algo notório já que a personalidade excessivamente otimista e feliz da mesma poderia deixá-la caricata nas mãos de alguém menos talentoso. Entre os “mocinhos”, porém, o grande destaque vai pra pequena Raffey Cassidy, de apenas 13 anos. Apesar de ser responsável pela personagem mais complexa do longa, corresponde com esmero, tanto que se não fosse uma revelação de sua natureza em determinada cena, jamais seria possível detectar tal informação, o que é notável, já que esconder tal fato era o desejado. A atriz confere carisma e alcance dramático em sua interpretação, e espero vê-la muito mais nas grandes telas.
A jovem Raffey Cassidy rouba a cena toda vez em que aparece. |
O roteiro, escrito por Bird e Damon Lindelof, ainda é inteligente ao oferecer um bom desenvolvimento para Hugh Laurie, sem soar maniqueista. Em apenas um discurso bem escrito, aliado ao talento do eterno Dr. House, os motivos do cientista são explicados de maneira verossímil e plausível, deixando a duvida se o mesmo não tem razão em suas atitudes, gerando bons questionamentos.
Ao final, fica a mensagem otimista, bem ao estilo clássico de Walt Disney, e isso não é um defeito, muito menos piegas. Com o decorrer da história centenária do cinema, é fato que obras pessimistas possuem um histórico de laureamentos muito maior que longas como Tomorrowland, e isso é uma pena, pois filmes assim devem ser apreciados igualmente, o que infelizmente não ocorreu aqui. Fracasso de crítica e público, é irônico notar como Hugh Laurie talvez tenha razão em seu discurso.
Nota: 8.
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