As 5 Melhores Trilhas Sonoras de 2018
"Sem música, a vida seria um erro", diz uma célebre frase do filósofo Nietzsche, talvez seu único pensamento compartilhado do maior bonachão sentado num bar escutando seu radinho, ao mais intelectual professor universitário - até os de exatas.
O cinema, como sendo uma arte do audiovisual, se aproveita não somente das imagens em tela, mas como do som, diegético ou não, e é assim que, anualmente, recebemos dezenas de belíssimas composições de grandes mestres e gênios da composição musical, uma capacidade que engrandece a experiência de se assistir ao filme e também escutá-las isoladamente.
Entre as tantas trilhas deste 2018, não foi fácil selecionar somente cinco, então inseri outras recomendações no rodapé. Agora, ao ranking.
5 Suspiria
Grandes músicos, afinal, são grandes músicos. Se Jonny Greenwood já se provou um exímio compositor fílmico, um Oscar Contender por suas parcerias com PTA (e agora vem forte de novo por "You Were Never Really Here"), o vocalista do Radiohead faz seu debut nada módico no ramo para o ambicioso remake americano de Suspiria, numa trilha tão alternativa quanto as escolhas narrativas do longa.
Thom escolhe tons dissonantes e eletrônicos, no experimentalismo típico de quem não se acomoda, criando uma atmosfera lúgubre e onírica, conectados com o mistério impregnado das cenas da projeção.
4 Mandy
O horror cósmico Mandy, como brilhantemente vi alguém o descrever, chegou de supetão, recheado de nomes desconhecidos ou desacreditados, mas no âmago de seus artistas, havia um profissional em ascensão à primeira prateleira do cinema: Jóhann Jóhannsson, infelizmente falecido neste mesmo ano.
Com este nome que parece extraído de algum filme dos irmãos Coen, o islandês incorpora o tom das bandas saídas do país gelado, discorrendo por faixas que fluem entre o dream pop, o post-rock e o metal, embalando a busca infernal de Cage por sua amada, em confluência com a estética lisérgica e extrassensorial da fita.
3 Nasce Uma Estrela
Por se tratar de um filme essencialmente sobre música, Nasce uma Estrela se calca mais neste elemento do que os outros, necessitando do encaixe diegético das canções não somente para transmitir os pensamentos e personalidades das figuras centrais, como para entreter, puramente, o espectador.
Naturalmente que não se cria um álbum atemporal, mas pelo menos três grandes hits carregados de sentimentos, rendendo cenas poderosas para a película e o imaginário popular. Não somente a disseminada Shallow, mas a também a melódica "Always Remembers Us This Way" e a dramática "I'll Never Love Again"
2 Se a Rua Beale Falasse
Ainda não pude conferir a obra de Barry Jenkins, mas o notável realizador de Moonlight já tem reunido aclamações e uma provável indicação ao Oscar com sua nova produção. E além da temática negra, mantém-se o compositor indicado ao Oscar por sua parceria anterior, Nicholas Britell, uma combinação que deve render muitos fruto adiante.
Se os nomes envolvidos já adiantam um "must watch", a trilha sonora enverga esta ansiedade, sugerindo uma climatização romântica, porém dramática e dolorida entre os protagonistas, inseridos no cenário racial americano. Ao estilo clássico, Britell adota um tema principal com variações em outros instrumentos e ritmos, sempre funcional.
1 O Primeiro Homem
Damien Chazelle é considerado um prodígio pelo alto nível de seus poucos filmes. Mas você já ouviu falar de Justin Hurwitz? O cara nasceu no mesmo ano e mês do diretor, e foi compositor em quatro filmes. Todos, é claro, de Damien.
Vencedor de duas estatuetas em suas três indicações por La La Land, Justin é opção certa para novamente concorrer ao prêmio máximo do cinema americano. E dessa, vez, pelo seu melhor trabalho conjuntural.
Distante do Jazz característico das outras produções (ainda que arrisque aqui e ali no gênero), First Man exige uma sonoridade mais contida e intimista por parte do compositor acostumado ao estardalho. First Man é o retrato introspectivo dos Armstrong, que busca humanizar o ícone americano e primeiro homem a pisar na lua muito além da objetificação mística lhe atribuída pelo tempo (assim como sua esposa, Janet), e a música de Justin entende isto, não se destaca, mas seus poucos tons refletem a dor e solidão de Neil na tarefa que lhe é atribuída, assim como o pesar e angústia de Janet, que se vê deixada em segundo plano, com o fantasma da morte de tantos outros colegas de trabalho assombrando seus pensamentos.
Numa era em que as trilhas individuais de Hans Zimmer ditam o jogo, 2018 é anacrônico em possuir dois trabalhos tão belos no classismo distante da Hollywood dos temas épicos e marcantes.
Outras recomendações:
Você Nunca Esteve Realmente Aqui - Jonny Greenwood
Cold War - Vários Intérpretes
Pantera Negra - Ludwig Göransson e Vários Artistas
Hereditário - Colin Stetson
Espero que tenha gostado. Deixe suas favoritas do ano nos comentários.
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