Do Pior ao Melhor - Os Filmes de Herói Lançados em 2018


Mais um calendário queimou, e apesar da bolha cinéfila demonstrar desgaste das fórmulas de filmes dos encapuzados - e dos seguidores da filosofia de Edna Moda -, o mercado diz o contrário, com anúncios incansáveis e bilheterias estimulantes aos produtores extraírem recursos até mesmo de nomes desconhecidos do grande público, confiando somente no universo compartilhado.

Pessoalmente, acho que neste ano, a Marvel foi muito estável e certeira em suas produções, enquanto a DC ainda engatinha no cotejo, mas sugere um desprendimento extremamente necessário da fracassada fórmula de Snyder, Na contramão, com o lançamento do novo longa animado do Aranha somente para 2019 aqui no Brasil, o gênero fica sem espaço.

Sem mais delongas, vamos ao listão, como diz o título, do pior ao melhor.

Veja o Ranking de 2017.

8. Batman Ninja


Eu estava muito empolgado pra isso aqui. As animações do morcegão já entregaram resultados fantásticos, como a duologia do Cavaleiro das Trevas, Capuz Vermelho e, é claro, a Máscara do Fantasma. Unir o personagem com a rica mitologia japonesa expandia as oportunidades artísticas e narrativas a caminhos de delírios aos fãs e, por que não, de bons roteiristas?!

Porém, entregaram ao cara errado. Visualmente ambicioso, com exceção de seu design e técnica, é um pastiche, um remedo estereotipado do que o Ocidente consome da cultura dos nipônicos. A sobriedade sempre foi o destaque das aventuras de Batman, e não que explorar a diversão pura seja o equívoco, mas neste caso, foi. Vergonhoso.

7. Homem-Formiga e a Vespa


Quando a cena mais climática de um filme com quase duas horas de duração está em seu pós-créditos, há de se desconfiar do formulismo da história. Selo esquecível da temporada. Mediano, sendo generoso. Inofensivo, preservando palavras. Ainda não acharam o tom do personagem, que soa tão avulso no universo Marvel quanto uma formiga num vespeiro (risos).

6. Venom


Meio constrangedor, forçado, completamente anacrônico e potencialmente acintoso para com o legado e a natureza do Venom, figura que se canonizou mais na aparência imponente e cool do que em seus arcos dos quadrinhos. No entanto, divertido e com bom ritmo, tendo na entrega e inteligência de Tom Hardy na composição de Brock um generoso bônus.

5. Aquaman


A partir deste ponto, considero as películas verdadeiramente positivas. No mínimo, então, agradáveis. Aquaman ainda é muito pouco para um estúdio que tenta concorrer com a maior potência cinematográfica da década - e provavelmente da próxima também -, com um roteiro cafonérrimo e até cafajeste, com cenas que parecem tiradas de um comercial de whisky ou então dum clipe de reggaeton. Porém, convence justamente por sua honestidade climática e o primoroso trabalho técnico e visual na criação de Atlântida.

Já se passaram alguns dias de minha projeção, e sigo satisfeito. Creio ser a opinião definitiva. Um bom diretor faz muita diferença. E James Wan é um. Fosse a Warner, focaria em mantê-lo no projeto, para junto com Jenkins, desconstruir a herança maldita de Snyder.

Crítica

4. Deadpool 2


Tão infame e ácido quanto seu predecessor. E sem o fator surpresa. Então, como pôde ser melhor, já que o "choque" é muito do que conta em produções do tipo? Bem, ninguém ainda conseguiu ou teve a coragem de emular Deadpool no esquadrão A de Hollywood, o que preserva a fórmula, mesmo que não seja o socão na cara de "Eu precisava tanto disso e não sabia?!" do original.

O acréscimo de Cable e o bom equilíbrio de outros coadjuvantes, cativa na dinâmica com a autodestruição desmiolada do protagonista, enquanto Ryan Reynolds parece se divertir, ainda mais confiante no papel.

3. Vingadores: Guerra Infinita


Eu não morro de amores pela Marvel. Com exceção de uns quatro ou cinco de seus filmes, nenhum realmente me "tocou". No entanto, duas destas experiências foram justamente neste ano. Marco inicial do clímax orquestrado meticulosamente deste que Robert Downey Jr. assumiu o risco e o traje de seu Homem de Ferro, Infinity War é até assustadoramente balanceado e eficiente em suas emoções: o cômico, o dramático e, é claro, a ação.

Com um panteão estabelecido e um público fiel, os irmãos Russo conseguem manter na ponta dos cascos suas tramas, mantendo o espectador ligado por sua longa duração, seja aflito ou sorrindo, mas frequentemente embasbacado. Um desafio à continuação ser tão boa e catártica quanto.

Crítica

2. Os Incríveis 2


Ah, família Pêra, como esperei para reencontrá-los. Eu estava na primeira metade do fundamental, e agora quase me formando na faculdade. Infelizmente, este sentimento não serviu para aplacar que não foi tão brilhante quanto esperava.

Mas o erro foi meu - ou do implacável tempo -, deixando a nostalgia prevalecer tanto. Brad Bird sempre reiterou, em meio aos infindáveis pedidos de quando veríamos a sequência de sua amada criação, que só o faria quando tivesse a história certa. E que sábia decisão, tanto a de esperar, quando a do contexto selecionado para finalmente trazer de volta à vida Beto, Helena e seus filhos. Os Incríveis 2 é corajoso e tão relevante quanto bom entretenimento, e merecerá ser lembrado como uma expressão do cenário artístico em meio às mudanças socioculturais que vivemos como sociedade nestes anos.

Crítica
1. Pantera Negra


Quem diria que veríamos, um dia, um longa da Marvel sendo cotado na disputa a melhor filme do ano no Oscar (e não na vindoura destinada aos "populares").

Pantera Negra é um retrato étnico honrado e respeitoso, o que nas mãos de alguns cineastas poderia soar restrito e confuso, mas com Ryan Coogler, vira um convite ao aprendizado e ao pensamento inclusivo, emponderando não com vitimismo, e sim com atos de reivindicação e força.

Tendo um alicerce cultural fortíssimo, traz também o melhor vilão do estúdio até a chegada de Thanos, alguns meses depois - não somente no poder, mas em sua complexidade, algo que costuma ser pecado no MCU.

A bilheteria ter ultrapassado o bilhão é um sinal de tudo isso, um abre portas ao protagonista negro em grandes produções.

Crítica 
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E é isso, queridos e queridas. Comente abaixo sua lista.

No geral, um bom ano. E 2019 vem forte, com um aranhoso digital e outro em carne e osso, adaptação megalomaníaca de mangá, dois X-Men (meus favoritos), uma nova visão de Hellboy, o misterioso Shazam!, o primeiro longa solo de uma heroína Marvel e, obviamente, a despedida de Steve Rodgers. Até eu estou ansioso.

7 comentários:

  1. Concordo com todos e me surpreendi ao ver os Incriveis, que acabei ligando a animação e esquecendo que ele também é um filme de herói e eu também fiquei bem decepcionado com o filme do Morcegão.

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  2. Ainda tenho que ver algumas animações pra tirar uma melhor conclusão. Da parte de filmes com atores acho que vi todos. Se eu lembrar de ver, volto aqui pra minha lista.

    Aliás, sua lista ficou boa.

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  3. Estive conferindo mais filmes esses dias, então posso fazer uma lista mais preparado. Do pior ao melhor dos que vi até agora:

    13 - Batman Ninja ~ Tem tudo o que não se espera de uma história do Batman haha Mas achei divertido pra passar o tempo, mesmo deixando a desejar. O visual é interessante, mas o filme parece uma gameplay de videogame, até mesmo nos closes e nos diálogos.

    12 - Venom ~ Já esperava algo diferente, clichê, sem novidades. Filme bem Sessão da Tarde. Distorceram tudo pra criar um genérico. Fora isso não é uma bomba toda. Deixou mais a desejar no vilão mesmo.

    11 - Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas ~ Auto-paródia de uma auto-paródia. Dá pra rir, bacana e tal, alguns momentos memoráveis até, mas 'só'.

    10 - Lego Flash ~ Esse ano a Lego DC decidiu lançar solos e Flash foi uma delas. A franquia continua parada no tempo sem inovar, mas foi bom dar uma diferenciada e se focar mais em certos personagens.

    9 - Lego Aquaman ~ Mesmo caso do Flash. Acrescento que as animações Lego DC são bem infantis, mas quem gosta de Lego e da DC pode se divertir bastante com elas.

    8 - Homem-Formiga e Vespa ~ Gostei bastante do primeiro, mas a continuação achei ok. É divertido até certo ponto, mas tb cansativo. Não tem aquela empolgação anterior.

    7 - Aquaman ~ Não consigo entender toda essa empolgação com o filme nem enxergar toda a grandiosidade que dizem ser. Achei um filme extremamente clichê, desnecessariamente longo, mas com um visual incrível e algumas cenas de brilhar os olhos, principalmente nas de ação, o que dá uns méritos pro longa. O primeiro ato é a melhor parte.

    6 - Esquadrão Suicida: Acerto de Contas ~ Apesar de achar que tentaram se pagar de adultões com violência, a animação do Esquadrão consegue empolgar e ainda tem uma boa surpresa no final. Não é melhor que Assalto ao Arkham, mas supera (e muito) ao filme com atores.

    5 - Gotham City 1889 - Um Conto de Batman ~ Queria que a DC investisse mais nessas histórias alternativas. Não li a hq de origem, mas foi uma boa surpresa.

    4 - Deadpool 2 ~ Não acho o personagem Deadpool do cinema tão divertido quanto nos quadrinhos, inclusive o vejo como uma versão distorcida do que deveria ser, mas os filmes em si agradam. Nessa continuação viajaram bastante. Não é melhor que o anterior, mas tá perto. Não que seja relevante.

    3 - Os Incríveis 2 ~ Tão bom quanto o primeiro. Pena terem demorado muito pra lançarem. O clima, a história, os personagens, tudo muito bom.

    2 - Pantera Negra ~ A maior surpresa do ano. Sei pouco do personagem nas hqs, mas me interessei pelo filme e gostei demais. O vilão tb foi bem interessante, com propósitos convincentes (assim como de alguns outros da lista, como o de Aquaman e o de Vingadores).

    1 - Vingadores: Guerra Infinita ~ Prometeram um "épico" e cumpriram. Não sabia muito o que esperar e tinha medo de ficar cansativo por ser longo, mas cada minuto é melhor que o anterior. Conseguiram amarrar bem as tramas e entregaram algo grandioso.

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    1. Correção: Deadpool era pra ficar duas posições abaixo do que coloquei. Esqueci de mudar.

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    2. Ah, esqueci dos Jovens Titãs, mas não curti.

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