Crítica - A Série Divergente: Convergente(2016).
Convergente/Allegiant, dirigido por Robert Schwentke. |
Após os acontecimentos de Insurgente e a morte de Jeanine, Chicago agora é liderada por Evelyn(Naomi Watts), mas a situação é muito diferente daquela que se esperaria após a derrota da tirana líder da erudição do governo, pois a paz não chegou. Evelyn entra em conflito com Johana(Octavia Spencer) por divergências(desculpem) acerca do comando dos sobreviventes. Descontentes, Tris(Shailene), Quatro(Theo James) e a turma de sempre partem para descobrir o que há fora de Chicago.
A comparação entre Divergente e Jogos Vorazes é inevitável, afinal, ambas falam sobre protagonistas femininas fortes que buscam lutar contra um governo arbitrário e desvirtuado, mas ao contrário da saga de Katniss, que juntamente com o bom alicerce moral, tinha execução satisfatória, a franquia de Tris tem suas intenções sabotadas por um roteiro imaturo, tolo e burocrático.
Não que o texto seja o único problema da fita, seria injusto o atribuir toda a carga pelo desastre, mas é nele que todos os pilares de sustentação desandam, não apenas nos furos narrativos, como também por subestimar o espectador. Em uma cena específica, Christina(Zoë Kravitz) recebe uma descarga elétrica ao tenta cortar uma cerca, para em seguida, como se fossemos todos cegos, Tris soltar: "Evelyn ligou as cercas elétricas", não como tentativa de humor, já que o semblante da atriz deixa bem claro a seriedade da situação, o que é difícil de aceitar após um diálogo expositivo e desnecessário desses.
Diálogos bobos, aliás, são uma constante, como a velha frase "não importa se você é isso ou aquilo, para mim, você é o mesmo". Certamente há algo errado em uma história que precisa de uma fala dessas para reforçar a ligação entre dois personagens que já se conhecem há dois longas. E se os diálogos já são um demérito do roteiro a seis mãos de Bill Collage, Adam Cooper e Noah Oppenheim, a falta de inspiração é latente conforme a trama se desenrola. Há excessos de conveniência, conflitos infantis(aqueles que colocam os heróis em perigo de forma anticlímax, onde sabemos que nada ocorrerá), personagens com mudanças de personalidade sem explicação e um maniqueismo latente na abordagem de figuras centrais.
E como eu disse, mesmo o roteiro sendo o composto que desestrutura Convergente, é o conjunto quem torna essa uma experiência ainda mais frustrante. O elenco, recheado de bons atores - e outros nem tanto -, tem sua parcela de mea culpa. Shailene Woodley, pobre menina, já confirmou seu talento anteriormente, mas como Tris, não há como salvar a garota. Seu desenvolvimento é sim, nítido, mas ao contrário de Katniss, por exemplo, ela demonstra menos força, autonomia e poder de decisão. Ainda que na franquia rival a protagonista tenha sido uma revém comportamental de Peeta, Tris sempre foi de Quatro, o que torna um momento em que ela toma atitude contrário inverossímil e forçada, um artifício do roteiro para gerar conflitos tolos através de excesso de conveniência, como supracitado.
Química Muito Fraca Entre o Casal Herói. |
Quem parece se divertir é Miles Teller, o ator, que já havia criticado a saga anteriormente, abraça o ridículo com o personagem, sempre com piadinhas irônicas prontas, e que funcionam pelo seu bom timing cômico. Naomi Watts, Octavia Spencer e o resto do cast servem apenas para ilustrar como o fim de uma tirania não significa o fim dos conflitos, algo que o último Jogos Vorazes já havia discutido na figura de Julianne Moore.
E então chegamos a Robert Schwentke, que também havia dirigido Insurgente. Se antes seu trabalho era apenas pragmático e sem distinção alguma, agora, com confiança, vemos como seria melhor ele ter permanecido atido a seus limites. As cenas de ação, primordiais para uma obra dessas, são orquestradas preguiçosamente, apenas mais do mesmo. O famoso ação e reação, útil para nos inserir na atmosfera e creditar veracidade às cenas, pouco existe, e quando há, deixa ainda mais nítido o despreparo do diretor, já que vemos pessoas e soldados corrento e atirando sem ao menos mirar. Um erro simples e amador, mas que pode arruinar uma fita do gênero. O despreparo de Robert anula a boa trilha sonora de Joseph Trapanese, muito semelhante a do Daft Punk em Tron, e que utilizada corretamente, poderia passar um senso de urgência em empolgação.
Robert, em uma tentativa de ousar, acaba por cometer outro erro. Em uma conversa entre David e Tris, o cineasta reduz a profundidade de campo, no pior estilo Tom Hooper, mas o que deveria gerar tensão, apenas soa incompreensível e tosco. Um pequeno acréscimo entre tantas escolhas erradas.
Naturalidade nunca foi o forte da franquia de Veronica Roth, mas dessa vez, a miríade de erros é desproporcional às boas intenções, e a impressão ao sair da sala é de preguiça por termos de voltar para ver um desnecessário capítulo final que pouco promete. Falta audácia e principalmente, um pouco de erudição na epopeia de Tris.
Nota: 4.
Sem dúvida o filme tem muito boa história, amei o trabalho de Naomi Watts. O gênero de suspense nunca foi um dos meus preferidos, porém devo reconhecer que Referem do Medo foi uma surpresa pra mim é umo dos melhores Naomi Watts filmografia, já que apesar dos seus dilemas é uma historia de horror que segue a nova escola, utilizando elementos clássicos. Com protagonistas sólidos e um roteiro diferente.
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