Harry Potter e a Câmara Secreta (2002) - Crítica
A crítica a seguir faz parte do projeto dedicado a escrever sobre todos os filmes da série como se vistos à época do lançamento, pela primeira vez.
Harry Potter e a Pedra Filosofal.Harry Potter e a Ordem da Fênix.
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Na crítica de A Pedra Filosofal, comentei como, apesar de dispostos a abraçar a magia do escapismo, era difícil este gênero nos arrebatar com precisa intensidade e maravilhamento. Uma questão abordada apenas para responder, no mesmo texto, como e por que o começo da saga escrita por J.K. Rowling, agora sucesso multimídia efervescente, conseguira atingir um êxito estrondoso nesta tarefa.
Uma conquista considerável, que o mantém incólume a comparações com O Senhor dos Anéis, que pleiteia o status máximo no cinema fantástico atual. Pois Harry Potter se dirige a um outro público, mais juvenil, porém com suas próprias exigências que demandam um equilíbrio narrativo tênue entre soar demasiado bobo ou exageradametne soturno. Sim, soturno, pois se se oferece como produção infanto-juvenil, um dos maiores méritos da saga, que encantadoramente ganha suas nuances na adaptação de centenas de milhões da Warner, sem preservar as ousadias da escrita de Rowling, está em não subestimar o público com demagogia e criancice. A própria história do protagonista, órfão, remete a algo mais sério.
Assim, sem precisar de apresentações, ao vermos o tradicional logo surgir por entre nuvens, ao som do já lendário tema de John Williams, enquanto a câmera se aproxima da Rua dos Alfeneiros, Número 4, a magia já nos contamina, facilitando o percurso a seguir, mérito da própria produção, tão eficiente em nos capturar no projeto anterior, e não condescendência para com algo que queremos gostar.
Felizmente, em seus próprios níveis, A Câmara Secreta, em quase três horas, consolida a marca como um major runner do entretenimento, mantendo o deslumbre evocado já na introdução, sem deixar de acrescentar suas pitadas particulares de mitologia.
Com um universo tão vasto, é já nos primeiros minutos imersos na Londres Rowlingiana que, de supetão, juntamente ao suplício de veraneio sofrido por Harry, que na antemão de nós, enfrenta o martírio justamente longe da escola (por mais pitoresco que seja rotular Hogwarts somente como uma escola), somos informados de que ele não deve regressar ao castelo para o ano letivo, por uma criatura pertencente à raça de elfos-domésticos, visão original para esta classe saturada em reinos de fantasia.
Conselho prontamente ignorado, afinal, o que poderia ser pior do que mais uma noite sob o teto dos Dursley? Transgressão permitida pelo auxílio de seu melhor amigo Ron, que juntamente aos gêmeos travessos, Fred e Jorge, arromba sua janela com um carro...voador (é claro!). São elementos inseridos com naturalidade e que enriquecem seu universo e nossa imaginação dos limites nascidos na protogênica mente da autora.
São momentos de seu primeiro ato, recheados de descobertas, adrenalina e perigos, que servem de prenúncio ao que se vê no restante da película, que desafia a criatividade de Chris Columbus e sua equipe técnica, prontamente aceitos e superados. Da beleza aconchegante e caótica Da Toca, residência dos numerosos e humildes Weasley, família bruxa de sangue puro e que, até por isto, oferece um contraste cruel com as moradias trouxas, e os olhos de êxtase expressos por Harry ao ver panelas e costuras que se movimentam sozinhas se identificam com os nossos, já completamente imersos naquela realidade.
O roteiro brinca com estas diferenças nos dois âmbitos, como quando o divertido patriarca Arthur Weasley (Mark Williams), indaga Harry, com curiosidade genuína, sobre qual seria a função de um pato de borracha. Numa casa destas, certamente deve ter pensado Harry, que sabiamente a define como sendo "brilhante!", seria fortuito passar mais alguns meses.
Mas o destino os reserva Hogwarts, onde temos todos muito mais coisas a aprender e problemas (muitos) a lidar. Por mais que se pense em locais fantásticos na história do cinema, como Valfenda, OZ, os variados planetas de Star Wars, Hogwarts de destaca por sua enormidade, tanto em vastidão quando em conteúdo. Se no primeiro ano vimos um cérbero, uma planta assassina, um jogo montado em vassouras voadoras e quadros falantes, Câmara Secreta ressalta o repertório extenso presente, onde mesmo características não inéditas apresentam alguma novidade e comoção em sua utilidade, jamais soando repetitivos, enquanto novas inserções sempre nutrem funções que não somente o exibicionismo.
Particularmente, me vi impressionado na criação analógica de uma fênix, chamada Fawkes, que não surpreendentemente pertence (se é que podemos atribuir tal objetificação a algo tão poderoso) a Dumbledore, vivido mais uma vez com ternura por Richard Harris, em um de seus últimos trabalhos antes do falecimento.
Harris é o magnata de um elenco coadjuvante formidável e dotado de grandes nomes do cinema britânico. Se já conhecemos o Snape de Alan Rickman e a McGonagall de Maggie Smith, Kenneth Branagh e Jason Isaacs, interpretando, respectivamente, o comicamente fanfarrão Gilderoy Lockhart e o perverso Lúcio Malfoy, pai do infante-nêmesis Draco, são acréscimos valorosos.
Com um senso estético e imaginativo tão considerável, seria possível se perder em detalhes enquanto mexemos as órbitas freneticamente em busca de mais encantos, o que não desconsidera a igualmente engenhosidade da trama em si, afinal, o objetivo de Rowling fora não somente apresentar um mundo escapista novo, mas sim o montar através de metáforas e alegorias mais do que palpáveis para espelhar com nossa realidade simplista, em comentários mais inocentes e que reforçam a preponderância da amizade e do esforço, a outros que cutucam no abuso de autoridade e a crueldade patológica de como a criação de um pai influencia na prole.
Se ainda promete, no mínimo, 6 longas, a interligação com o capítulo anterior deixa claro como o tema do passado de Harry será melhor explorado e o cerne para acontecimentos futuros, com uma sombra crescente na história e que acompanha o próprio amadurecimento dos personagens e, é claro, dos expectadores.
Destarte, mal vejo a hora para me sentar, em breve, numa poltrona para novamente ver este logo, com o tema de John Williams, surgir entre as nuvens e descer à rua dos Alfeneiros Número 4.
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Na crítica de A Pedra Filosofal, comentei como, apesar de dispostos a abraçar a magia do escapismo, era difícil este gênero nos arrebatar com precisa intensidade e maravilhamento. Uma questão abordada apenas para responder, no mesmo texto, como e por que o começo da saga escrita por J.K. Rowling, agora sucesso multimídia efervescente, conseguira atingir um êxito estrondoso nesta tarefa.
Uma conquista considerável, que o mantém incólume a comparações com O Senhor dos Anéis, que pleiteia o status máximo no cinema fantástico atual. Pois Harry Potter se dirige a um outro público, mais juvenil, porém com suas próprias exigências que demandam um equilíbrio narrativo tênue entre soar demasiado bobo ou exageradametne soturno. Sim, soturno, pois se se oferece como produção infanto-juvenil, um dos maiores méritos da saga, que encantadoramente ganha suas nuances na adaptação de centenas de milhões da Warner, sem preservar as ousadias da escrita de Rowling, está em não subestimar o público com demagogia e criancice. A própria história do protagonista, órfão, remete a algo mais sério.
Assim, sem precisar de apresentações, ao vermos o tradicional logo surgir por entre nuvens, ao som do já lendário tema de John Williams, enquanto a câmera se aproxima da Rua dos Alfeneiros, Número 4, a magia já nos contamina, facilitando o percurso a seguir, mérito da própria produção, tão eficiente em nos capturar no projeto anterior, e não condescendência para com algo que queremos gostar.
Felizmente, em seus próprios níveis, A Câmara Secreta, em quase três horas, consolida a marca como um major runner do entretenimento, mantendo o deslumbre evocado já na introdução, sem deixar de acrescentar suas pitadas particulares de mitologia.
Com um universo tão vasto, é já nos primeiros minutos imersos na Londres Rowlingiana que, de supetão, juntamente ao suplício de veraneio sofrido por Harry, que na antemão de nós, enfrenta o martírio justamente longe da escola (por mais pitoresco que seja rotular Hogwarts somente como uma escola), somos informados de que ele não deve regressar ao castelo para o ano letivo, por uma criatura pertencente à raça de elfos-domésticos, visão original para esta classe saturada em reinos de fantasia.
Conselho prontamente ignorado, afinal, o que poderia ser pior do que mais uma noite sob o teto dos Dursley? Transgressão permitida pelo auxílio de seu melhor amigo Ron, que juntamente aos gêmeos travessos, Fred e Jorge, arromba sua janela com um carro...voador (é claro!). São elementos inseridos com naturalidade e que enriquecem seu universo e nossa imaginação dos limites nascidos na protogênica mente da autora.
São momentos de seu primeiro ato, recheados de descobertas, adrenalina e perigos, que servem de prenúncio ao que se vê no restante da película, que desafia a criatividade de Chris Columbus e sua equipe técnica, prontamente aceitos e superados. Da beleza aconchegante e caótica Da Toca, residência dos numerosos e humildes Weasley, família bruxa de sangue puro e que, até por isto, oferece um contraste cruel com as moradias trouxas, e os olhos de êxtase expressos por Harry ao ver panelas e costuras que se movimentam sozinhas se identificam com os nossos, já completamente imersos naquela realidade.
O roteiro brinca com estas diferenças nos dois âmbitos, como quando o divertido patriarca Arthur Weasley (Mark Williams), indaga Harry, com curiosidade genuína, sobre qual seria a função de um pato de borracha. Numa casa destas, certamente deve ter pensado Harry, que sabiamente a define como sendo "brilhante!", seria fortuito passar mais alguns meses.
Mas o destino os reserva Hogwarts, onde temos todos muito mais coisas a aprender e problemas (muitos) a lidar. Por mais que se pense em locais fantásticos na história do cinema, como Valfenda, OZ, os variados planetas de Star Wars, Hogwarts de destaca por sua enormidade, tanto em vastidão quando em conteúdo. Se no primeiro ano vimos um cérbero, uma planta assassina, um jogo montado em vassouras voadoras e quadros falantes, Câmara Secreta ressalta o repertório extenso presente, onde mesmo características não inéditas apresentam alguma novidade e comoção em sua utilidade, jamais soando repetitivos, enquanto novas inserções sempre nutrem funções que não somente o exibicionismo.
Particularmente, me vi impressionado na criação analógica de uma fênix, chamada Fawkes, que não surpreendentemente pertence (se é que podemos atribuir tal objetificação a algo tão poderoso) a Dumbledore, vivido mais uma vez com ternura por Richard Harris, em um de seus últimos trabalhos antes do falecimento.
Harris é o magnata de um elenco coadjuvante formidável e dotado de grandes nomes do cinema britânico. Se já conhecemos o Snape de Alan Rickman e a McGonagall de Maggie Smith, Kenneth Branagh e Jason Isaacs, interpretando, respectivamente, o comicamente fanfarrão Gilderoy Lockhart e o perverso Lúcio Malfoy, pai do infante-nêmesis Draco, são acréscimos valorosos.
Com um senso estético e imaginativo tão considerável, seria possível se perder em detalhes enquanto mexemos as órbitas freneticamente em busca de mais encantos, o que não desconsidera a igualmente engenhosidade da trama em si, afinal, o objetivo de Rowling fora não somente apresentar um mundo escapista novo, mas sim o montar através de metáforas e alegorias mais do que palpáveis para espelhar com nossa realidade simplista, em comentários mais inocentes e que reforçam a preponderância da amizade e do esforço, a outros que cutucam no abuso de autoridade e a crueldade patológica de como a criação de um pai influencia na prole.
Se ainda promete, no mínimo, 6 longas, a interligação com o capítulo anterior deixa claro como o tema do passado de Harry será melhor explorado e o cerne para acontecimentos futuros, com uma sombra crescente na história e que acompanha o próprio amadurecimento dos personagens e, é claro, dos expectadores.
Destarte, mal vejo a hora para me sentar, em breve, numa poltrona para novamente ver este logo, com o tema de John Williams, surgir entre as nuvens e descer à rua dos Alfeneiros Número 4.
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