Extermínio 3 (2025) - Crítica

 


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Não existe experiência melhor do que ter uma expectativa despedaçada para melhor, ir consumir, assistir algo e se pegar aturdido, vidrado, vibrante com o que se tem em frente. 

Eu me senti assim em Extermínio 3. O longa, lançado 23 após o original, mas que se passa 28 anos desde que o vírus desolou a Grã-Bretanha. Após o final do segundo filme, 28 Semanas Depois, vemos os infectados invadirem Paris. Pois bem, a tentativa de iniciar uma franquia deu errado e não tivemos sequência para essa ideia de plot, e ela é rapidamente descartada por Danny Boyle e Alex Garland neste 3º capítulo. O diretor  o roteirista, ambos britânicos, estão interessados em discutir o mundo a partir de sua terra natal, não no resto.

Portanto, um letreiro na introdução já deixa claro que o restante da Europa conseguiu interromper a propagação do vírus, a infecção, mas a Grã-Bretanha não, portanto, foram colocados em quarentena e isolados do resto do mundo, ainda vigiados por patrulhas europeias. Literalmente deixados para morrer, sua cultura dizimada.

É neste contexto que chegamos na ilha de Lindisfarne, ou Holy Island, um lugar real e também conhecido como o primeiro lugar em que os Vikings atacaram na Europa. Ali, acompanhamos a família do jovem Spike (Alfie Williams), garoto de 12 anos que sai em sua primeira caçada com seu pai (Aaron Taylor Johnson), saindo da segurança da ilha para o continente, selvagem e imprevisível. O que era pra ser uma aventura empolgante se torna rapidamente um tormento, cheio de horror e angústia. 

Logo, temos todo um passado sagrado, mas também sangrento e bélico no local, e Danny Boyle deixa isso bem claro. Afinal, se coisas ruins acontecem queiramos ou não, que ao menos coisas boas saiam delas. E através, não somente da história de guerras da humanidade, mas também dos recentes Covid e do Brexit, o diretor, assim como o roteirista, fazem um conto que resvala nessas duas memórias, mas também na espinha beligerante da humanidade, embalada pelo poema Boots, de Rudyard Kipling, sobre o ciclo interminável de guerras qual nos envolvemos.

Porém, Boyle não se contenta em fazer uma narrativa linear e simples sobre isso, e sim inserir na linguagem e em toda montagem essa sensação de insegurança, desordem e anarquia. É como se fosse um clipe de heavy-metal maldito, entrecortado por cenas dos infectados que parecem mais rituais demoníacos, filtrados num vermelho sanguíneo de pura maldade e violência.

Boyle vai além, optando por filmes o longa com 20 Iphones 15 pro max (com equipamentos cinematográficos), dando um ar mais cru e brutal às cenas, assim como optar por um momentos de 60 frames por segundo e muito uso de bullet-time, dando uma sensação estranha, confusa e incômoda, como se nunca estivéssemos de fato confortáveis e felizes ali. 

É a técnica, o visual em serviço da arte, da narrativa. Tudo isso faz com que o filme, por mais que tenha um enredo simples, seja alucinante e muito criativo, mais ou menos como Mad Max Fury Road, de George Miller, que pegou tanta gente desprevenida por seu estilo, por mais básica que fosse sua trama. A arte não está no texto, afinal. Cinema é muito mais do que isso, e Boyle entendeu isso no alto de seus 68 anos. Criando uma fábula apocalíptica de Punk Rock regada em alucinações, fantasia, amor e horror. Desde já, um dos melhores do ano. 

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