Do Pior ao Melhor - Os Filmes de Herói Lançados em 2022

Estava eu hoje (sábado 18/02/23, aos que estão aqui do futuro), inocentemente e aborrecidamente - mas não tanto quanto esperava - assistindo ao 3º formigoso, quando do nada (pra verem a distração) lembrei de que esqueci completamente de fazer a minha famigerada e tradicional lista ranqueando os filmes de herói lançados no respectivo ano em 2022. Em partes isto explica a sensação de ausência de posts nos últimos meses do ano. E bem, ao menos servirá para preencher um pouco o espaço por agora, além de ser, admito, um prazer culposo escrever estes posts por seu nível mais descontraído. É um tanto quanto amador, claro, mas o blog é isso mesmo.

Em suma, 2022 foi tão claudicante pro subgênero quanto 2021 e 2020, até pior, marcando uma fase terrível e longa da Marvel, atestando sua aguardada saturação. A DC, quando parecia se reerguer, caiu de novo e agora, pelo visto, vai recomeçar. O cinema de herói não se recuperou da pandemia, com exceção do Aranha 3, algo excepcional pela união das gerações. Será o começo do fim ou só um período? Saberemos. 

Confira também as listas de 2017, 2018, 2019 e 2021. 

Então, do pior ao melhor, vamos lá (lembrando que só valem longas, não séries):

7º Morbius

Crítica. 

Olha, foi um ano tão nivelado por baixo que ficou difícil escolher a última posição entre Morbius e outros elementos. Talvez, em outros dias, fosse outro filme aqui. Mas fico com Morbius pela bizarrice que é alguém achar que este seria um bom ponto de partida para uma franquia e expansão de multiverso. Uma pena ver Matt Smith desperdiçado numa coisa dessas. 

6º Adão Negro

A tão falada troca de hierarquia de poder da DC já nasceu basicamente cancelada em meio aos rumores da reestruturação do universo. A DC basicamente atirando pra todo lado, logo quando parecia mais consciente em sua proposta, num filme infértil, robótico e tão cinzento quanto o cenário e as expressões de The Rock, com um panteão inacreditavelmente desinteressante e inexplicável de coadjuvantes. 

5º Thor: Amor e Trovão

Crítica. 

Olha, os três filmes até aqui poderiam plenamente estar empatados na última posição, tal qual sua ruindade. Thor fica à frente por ter, ao menos, cenas isoladas com alguma qualidade, mas que se perdem em incoerência e maneirismos da Marvel e de seu diretor. Na verdade, eu desprezo também Ragnarok, então não vejo muita diferença entre essas duas fitas, nem melhora dos criticados primeiros dois episódios do Deus do Trovão. É um filme completamente sem respeito por algum tom, desequilibrado entre a leveza e o peso dramático, sabotando ambos, que jamais consegue coincidir o teor do vilão de Bale e sua discussão sobre genocídio e o luto sobre a condição de Portman com a comicidade de Chris Hemsworth e as intromissivas piadas típicas do MCU. O filme parece ter medo do próprio drama e faz de tudo para esvaziar qualquer seriedade temática, quando eram essas sua principal vantagem e argumento. Acabou sendo só mais um. 

4º Pantera Negra: Wakanda Para Sempre

Um filme em retalhos e que foi costurado em cima de uma situação específica, pesada, triste e séria, mas que ainda assim condiciona o longa para algo que ele nunca foi planejado, nem se sente confortável sendo, e ainda forçado a incutir isto em sua história com as ligações cada vez mais complexas do MCU. Acaba sendo somente desfocado e cansativo. 

3º Doutor Estranho no Multiverso da Loucura

Crítica. 

Multiverso acabou sofrendo as maiores retalhações do público por sua alta expectativa, e de fato ele deixa muito a desejar a partir de um potencial gráfico e textual, quase que carregando toda a responsabilidade de desejos atribuídos ao multiverso - um filme de demandas e espera, não de fato satisfação com o que se vê. Mas, que se critique tudo dele, especialmente o papel de Wanda, ao menos oferece alguma personalidade visual, que torna a tela interessante e curiosa, mesmo que o texto não contribua para isso. Acaba sendo um desses longas prejudicados pela conectividade e padronizações da Marvel. 

2º Guardiões de Natal: Especial de Natal

Ok, aqui estou um pouco trapaceando a proposta para não deixar a lista tão curta e previsível. O especial natalino dos Guardiões se destaca pelo coração, despretensão e simplicidade que tanto faltam aos longas do estúdio hoje. Usar de suas duas figuras mais genuínas, calorosas e ingênuas torna a experiência bastante cândida e emotiva, no ponto dentro de uma imaginação cultural do natal, o escapismo perfeito. O ponto negativo está pela presença automática e rancorosa de Chris Pratt, totalmente desinteressado e antipático no papel, esgotado do carisma que o cercou na estreia dentro da franquia, há quase 10 anos. 

1º Batman

Crítica. 

Deve ser o pódio mais manjado, unânime e fácil desde que comecei. E olha que eu nem o amei tanto quanto muitos que vejo por aí, mas a concorrência...

The Batman não reimagina nada, mas apresenta uma identidade visual e textual maduros pro período e bastante comprometidos com uma autoralidade e temporalidade moral em toda sua longa duração, uma liberdade criativa que falta pra Marvel e dentro do DCU. E é por isto que ela funcionou tão melhor quando deslocada de um centro principal, como em Aves de Rapina e Coringa. 

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E é isso, meus queridos. Não espero grande coisa dos live-actions do subgênero neste 2023, mas pelo menos temos um Aranhaverso para aguardar. O segredo é ter as expectativas baixas e se surpreender pelo que já seja decente, ao invés de criticar o meramente bom - como foi em Multiverso da Loucura.