Do Pior ao Melhor - Os Filmes de Herói Lançados em 2019


Então, 2019 se aproxima do fim e começam as genéricas, porém aguardadas listas compilando o que teve de melhor nestes desgraçados meses de 2019, onde nenhum superpoderoso conseguiu nos salvar de um governo despirocado e sem noção. Mas enfim, papo pra outro post (ou blog, ou realidade).

Eras se definem dentro de si. E, na verdade, se consomem. O que parece ser o meio ou somente fim de uma, já é a transição que marca o início de outra. Então só conseguimos ver estes períodos quando eles passaram, de modo que não sabemos bem a relevância futura de 2019 pra próxima geração do cinema de heróis, mas que certamente ele trouxe algumas mudanças, como a consolidação da DC como contender séria a Marvel, assim como uma nova forma de narrativa para personagens de quadrinhos, tanto para um lado político e introspectivo (Coringa), quanto para uma estética que canoniza as páginas das HQs para as grandes telas (Aranhaverso, considerando o calendário de lançamentos Nacional). Renovações necessárias para a evolução da 7ª arte e, espero, do próprio MCU, que soa cada vez mais empoeirado e repetitivo, mesmo que, apelativamente, tenha conquistado a maior bilheteria de todos os tempos com seu Endgame.

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Não me dispus a assistir tantas animações como em outros anos, mas mesmo assim, a oferta do nicho foi o suficiente para fazer um ranking numeroso e versátil. Vamos lá!

Veja também as listas de 2017 e 2018.

Homem-Aranha: Longe de Casa


Um dos heróis mais conhecidos, identificáveis e carismáticos existentes. Não seria difícil acertar com ele, seria? Mas a Marvel errou uma vez, e segue firme em tornar o melhor amigo da vizinhança irrelevante e um tremendo coadjuvante para acontecimentos mais relevantes.

Longe de Casa é o suprassumo do que há de pior na Marvel, que é uma indolência no modo de contar histórias, sem compromisso nem uma mínima ousadia, com uma história tão insossa, cafajeste, previsível e sem vida quanto a atuação de Tom Holland. Mesmo os elementos positivos são sabotados em meio à pressa e falta de imaginação do roteiro em explorar mais camadas do próprio conteúdo, como a alusão de Mistério com as fake news que ditam a política mundial atualmente.

A cada live-action produzido do cabeça de teia, sinto mais falta do Sam Raimi. E não é nostalgia. É desejo por personalidade.

X-Men: Fênix Negra


Ao contrário da opinião popular, não compartilho da animação com a aquisição da Fox pela Disney, pois não queria que os filhos do átomo passassem pra casa das ideias. O motivo? Justamente o que comentei na introdução e sobre Longe de Casa: a mesmice e zona de segurança insuportável que a maioria de seus filmes atingem.

Na Sony, mesmo com muitos tropeços, a maturidade e amálgama de assuntos abordados durante essas quase duas décadas de X-Menverse são plurais e únicas, responsáveis por formatar o embrião de tudo que vemos hoje, sem tanto apego pela própria cronologia, o que sim, causou paradoxos sem sentido, mas também permitiu novas imaginações adentrarem em imensidão do universo dos personagens. E justamente quando o apego histórico foi maior, que saíram os grandes furos, como a origem de Wolverine e as tentativas de unir as linhas temporais forçadas. Sem este compromisso, tivemos os inigualáveis X-Men, X-Men 2, Logan e Primeira Classe, e em menor grau, levemente sabotado pelo que citei, Dias de um Futuro Esquecido, que é menos excepcional exatamente por esta obrigação.

São longas, todos eles, com mais espírito, criatividade e emoção que 95% das produções da Marvel, algo que certamente será perdido no novo estúdio.

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Porém, com Fênix Negra, fica difícil argumentar contra. Nem tem muito o que se dizer. Mal atuado, desenvolvido e dirigido. Só sobram a trilha sonora do monstro Hans Zimmer e Michael Fassbender. É a inconstância que abre brecha pra dúvida, o que me faz até compreender o furor por ver um Wolverine pastelão e inofensivo junto aos Vingadores.

Mas ainda sou contra. Não veremos nada tão ruim quanto o pior lado do que a Fox fez, mas também nada tão bom. E eu prefiro irregularidade com momentos de êxtase do que uma estabilidade monótona.

07º Jovens Titãs x Jovens Titãs em Ação 


Há um mantra, senão um meme popular, que propaga por aí como a Marvel faz os melhores live-action, enquanto a DC realiza as melhores animações. Isto aí é uma meia verdade, já envelhecida. Primeiro que a DC tem feito filmes melhores que a Marvel. E segundo, que o estúdio do Batman, apesar de ainda estar melhor que as animações patéticas da Marvel (o estúdio, não o selo), já naufragou há tempos esta referência de qualidade. Há um excesso de produções liberadas no mercado do home vídeo, e como todo período de superprodução, há rarefação de conteúdo nelas. 

Por isto, perdi o tesão de assistir a grande maioria. A que mais me chamou atenção, entretanto, foi o multiverso que une as duas gerações dos Jovens Titãs em uma única película. A variedade de ideias que poderia ser desenvolvida aqui é enorme, propiciando muitas oportunidades de tirar sarro dos saudochatos que adoram debochar do estilo infantil do novo desenho, quando este discute temas mais sérios e maduros, de forma debochada, que o antigo cartoon (que à sua maneira, também era ótimo). Porém, ele segue uma pegada mais inocente e óbvia, o que é frustrante e sem inspiração nenhuma. Até parece da Marvel, risos. 

06º Capitã Marvel


Sou grato pela existência deste filme e o defendi muito, num dos textos mais longos e acessados deste fracassado blog. Capitã Marvel foi vítima de boicote e perseguição por nenhum motivo que não seja sua representatividade, pois ele é, no mínimo, tão razoável quanto a grande maioria dos filmes do MCU lançados até então. E isto é tanto um elogio quanto uma ofensa.

Sim, Capitã Marvel, como cinema, deixa demais a desejar. Um problema tão constante na casa das ideias (nome incoerente, risos), que me sinto fadado a repetir minhas críticas. É tão incapacitante ver uma trama e personagens de tamanho potencial serem presos por uma narrativa e linearidade limitante e jurássica, que já se torna enfadonha e engessada. O tom da protagonista esta errado e tudo não passa de um adorno para o que veio antes e o que virá depois, sem comprometimento com a própria realidade e contexto, o que parece mais uma piada referencial e interna do que uma história centrada.

É lindo ver um filme protagonizado e dirigido por uma mulher fazer mais de um bilhão. Porém, produtos de entretenimento devem potencializar um discurso igualitário através de sua riqueza, não somente por existirem sem tantos méritos. E em grande parte de sua duração, falta méritos pra Capitã Marvel de Brie Larson, por melhores que sejam as intenções. 

05º Shazam 


A guinada da DC pós-Liga da Justiça é louvável e joga um refresco imprescindível pro cinema do nicho. Dito isto, Shazam é justamente o que o estúdio não precisa para se estabelecer no cenário ao ponto de conseguir emplacar figuras secundárias ou terciárias e torná-las rombos de bilheteria e famosidade. 

Não quero dizer que o estúdio precisa se relegar a uma atmosfera sombria e umbrosa, pois foi isto que Snyder fez e, bem, fez muito mal. Mas o humor escrachado e ingênuo de Shazam, por mais que comece bem, se torna cansativo e irritante a certo ponto. Longo demais para uma comédia, e sem levar a sério o próprio vilão, o que poderia ser um acerto, se torna a própria cruz. A posição é mais por ruindade dos anteriores que competência da película encabeçada pelo sorridente Zachary Levi. 

04º Vidro


Mais da metade da lista já passou, e só agora começam os filmes que eu genuinamente gostei, com menos ressalvas que comentários positivos. Isto não os torna perfeitos, porém, com mais noção e autoridade perante o que desejam retratar do que somente intenções bacanas ou uma completa confusão e vazio.

Fragmentado não pertence, essencialmente, ao nicho deste ranking, mas me utilizo de sua temática para incluí-lo aqui e, quem sabe, apresentar e inserir a obra, assim como seu diretor, a um público juvenil que o desconheça.

Vidro é um filme pequeno que busca justamente quebrar (risos), distorcer e questionar a rotulação dos heróis e seu papel social x racional, assim como diversos temas de acordo com a interpretação do espectador, o que é um dos grandes motivos para ele estar aqui. Shyamalan é um maluco que já revolucionou o cinema da mesma forma que produziu obras podres e ridículas, mas ninguém pode negar que ele fervilha ideias e técnicas de como contar histórias. E quando consegue controlar a própria loucura, surge algo inegavelmente intrigante. Este é Glass. 

Não é uma experiência perfeita, mas sim necessária. 

03º Vingadores: Ultimato 



É tão mais divertido falar mal de algo do que bem, não é? Triste constatação do porquê notícias ruins ou ações equivocadas de pessoas boas se espalham mais que o contrário. Além disto, já estou meio cansado, mas vamos lá.

Até aqui, talvez muitos tenham tido a percepção de que odeio a Marvel ou sou DCzete. Longe disto. Eu sou cinemazete, ou no máximo Kurosawazete, Koreedazete, Pixarzete, Ghiblizete. Eu posso a vir defender mais do que o necessários estes nomes, de resto, que me convençam pelo que vem à frente, antes do nome.

Vingadores Ultimato foi um evento, um título construído por mais de uma década e aguardando com uma ansiedade que poucos filmes conseguiram gerar, e certamente há um enorme mérito por trás disto, este poder de prender milhões de pessoas diferentes e que, de outra forma, jamais ouviriam falar de Homem de Ferro, Maria Hill e Nick Fury, se importarem com o futuro destes. Ainda que tenham tantos defeitos e faça mal pro cinema de certa forma, coletivamente, o MCU é o maior acerto cinematográfico e cultural, como movimento de massa, do Século XXI até aqui. 

E Ultimato, dentro deste cenário, é o clímax perfeito. É emotivo, aventuresco, animador, engraçado e empolgante. Tudo isto num tempo generoso, é claro, mas a própria capacidade de prender o espectador médio por quase três horas já mostra a força de seu poder de hipnose.

Igualmente, é esquecível e sem fatores inovativos ou seculares pra cultura pop. É o marco de uma geração, mas uma geração imediatista e em busca de estímulos temporários. Tão marcante quanto esquecível. Mas ainda assim, naquelas primeiras horas, foi foda. 

02º Coringa



Um falso polêmico. Um falso culto. Um pseudointelectual. Um pretensioso safado. Um falso herói. 

Muitas coisas podem ser ditas do Coringa, e tudo somente impulsiona seu valor. Sim, é um personagem calcado na cultura pop, vilão do herói mais popular da atualidade, produto de um conglomerado bilionário e dotado de um marketing pesadíssimo.

Mesmo assim, é um filme de orçamento limitadíssimo pro gênero, sem ação e com uma cara de indie farseco bem avesso às explosões típicas. E acima de tudo, mesmo com um diretor mimado e arrogante, com bastante coisas a se dizer, e uma consciência interessante de como o fazer. 

Unido a isso, elementos cinematográficos engenhosos, uma direção correta e uma atuação central magnética, avassaladora e animalesca, que carrega o filme e torna o Coringa de Phoenix mais do que uma mera figura, mas um símbolo, uma ideologia, uma pessoa. Seja filme de herói ou da Guerra na Síria, não é fácil conversar deste jeito com o público. Criticá-lo somente por parecer mais do que é trabalho de rancor, de quem só tenta ver o lado negativo das coisas. Coringa é um filmaço. 

01º Homem-Aranha no Aranhaverso 



Hoje em dia, sabemos da pré-produção de um longa assim que ele surge na cabeça de algum roteirista ou executivo americano. Na semana seguinte, já temos data de lançamento, elenco e um buzz crescente e instaurado nas redes sociais. Muito pouco disto aconteceu com Aranhaverso, uma animação habilidosa e despretensiosa que desconsidera o MCU e opta pelo protagonismo de Miles Morales ao invés do Aranhoso tradicional, Peter Parker.

O que surgiu, entretanto, através do material de divulgação tímido e da pouca espera, é o melhor retrato do personagem na grande tela, e um dos melhores de todo o nicho em si, justamente por ser muito mais do que isso, e tentar isto, sem nenhuma intenção de ser um filme de herói, e sim um de morais, significados e escolhas. 

Aranhaverso é fascinante e medular, se bem usado, para o futuro do cinema de gênero, levantando a régua de um jeito que provavelmente nem sua sequência conseguirá manter, mas tão bom que nos faz querer muito ela. 

Como encerrei em minha crítica: "É o novo Homem-Aranha, da Geração Z. E quem escolher o conservadorismo recheado de preconceitos, será atropelado por tanta energia." 

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E é isso, meus queridos. Espero que tenham gostado, ou senão, ao menos aprendido algo neste post. Deixe abaixo seu ranking e também recomendações do que deixei passar. 

3 comentários:

  1. Minha lista:

    1 - Homem-Aranha no Aranhaverso
    2 - Coringa
    3 - Vingadores: Ultimato
    4 - Shazam
    5 - Homem-Aranha: De Volta ao Lar
    6 - Mulher-Maravilha: Laços de Sangue
    7 - Batman: Silêncio
    8 - Vidro
    9 - Capitã Marvel
    10 - Os Jovens Titãs em Ação! vs Os Jovens Titãs
    11 - X-Men: Fênix Negra
    12 - Brightburn (O Filho das Trevas)
    13 - Reino do Superman

    Deixo minha menção a 'Constantine: Cidade dos Demônios', lançado em 2018, mas que conferi apenas em 2019.

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    1. A Morte do Superman foi uma boa animação de 2018 tb que só vi em 2019, mas sua continuação deixou muito a desejar. Acertaram em cheio em um e erraram feio em outro. A DC ainda tentou lançar como um filme só, mas não deu pra esconder o problema.

      Já esse do Constantine que citei originalmente era webserie, mas juntaram tudo e transformaram em longa. Deve ter sido a primeira 'animação adulta' da DC.

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    2. Eu perdi tesão com as animações da DC, perderam tato. Única recente que vi foi o red son.

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